HIGIENE

OMS pede redução de desigualdades no acesso à higiene das mãos

No Dia Mundial da Higienização das Mãos, a OMS lança um portal de monitoramento online

Higienizar as mãos é cuidado fundamental contra o coronavírus - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou nesta quarta-feira (5) para a necessidade de reduzir desigualdades no acesso a uma boa higiene das mãos e outras medidas de prevenção e controle de infeções nos países mais pobres.

No Dia Mundial da Higienização das Mãos, a OMS lança um portal de monitoramento online que ajudará os países a identificarem as falhas e a resolver os problemas.

Em comunicado, a organização considera que a higiene das mãos é "um sério desafio a qualquer momento". Destaca que a pandemia de covid-19 mostrou dramaticamente a importância da prática na redução do risco de transmissão, quando usada como parte de um pacote abrangente de medidas preventivas.

Uma boa higiene das mãos "também é vital na prevenção de quaisquer infecções adquiridas nos cuidados de saúde, na propagação da resistência antimicrobiana e outras ameaças emergentes à saúde", afirma.

A OMS lembra que a infeção adquirida durante a prestação de cuidados de saúde é "um grande problema global" e que os doentes nos países subdesenvolvidos têm duas vezes mais probabilidade de se infectarem nessas circunstâncias do que os dos países mais ricos (15% e 7%, respectivamente).

O risco em unidades de cuidados intensivos, principalmente em recém-nascidos, é entre duas e 20 vezes maior, diz a OMS. Segundo a organização, em alguns países subdesenvolvidos apenas um em cada dez profissionais de saúde pratica a higiene adequada das mãos enquanto cuida de pacientes com alto risco de infecções, porque "simplesmente não tem instalações para isso".

A OMS diz ainda que a falta de recursos financeiros e a falta de condições de infraestrutura são os principais desafios para avançar nessa área. Informa que o relatório de balanço global de 2020 sobre o programa Wash (lavagem de mãos) em unidades de saúde revela que, globalmente, uma em cada quatro unidades de saúde não tem serviços básicos de água e uma em cada três, produtos suficientes para higienizar as mãos.

De acordo com o relatório da OMS que abrange 88 países, o nível de progresso dos programas de higiene das mãos e prevenção e controle de infecções foi significativamente menor nos países subdesenvolvidos.

Em 2018, apenas 45% dos países mais pobres tinham um programa nacional desse gênero implementado, em comparação com 53% a 71% dos países mais ricos. O orçamento definido para esse programa estava disponível apenas em 5% dos países subdesenvolvido, em comparação com 18% a 50% dos países mais ricos.

Embora existissem diretrizes nacionais sobre práticas de higiene e desinfeção das mãos em 50% dos países subdesenvolvidos e entre 69% e 77% dos países mais ricos, apenas 20% e entre 29% e 57%, respectivamente, tinham planos e estratégias de implementação.

Em geral, apenas 22% de todos os países monitoraram a aplicação e o impacto desses programas.

Ao admitir que poucos países têm capacidade para monitorar esses programas com eficácia, a OMS considera que o primeiro portal agora lançado "é uma plataforma online protegida para os países recolherem dados de maneira padronizada e fácil de usar, além de fazer o download das suas análises após a introdução dos dados, juntamente com conselhos sobre diversas áreas e abordagens para melhorias".

Os dados da OMS indicam que as infecções adquiridas nos cuidados de saúde afetam todos os anos milhões de doentes e profissionais em todo o mundo. Quase nove milhões são registradas anualmente só na Europa.

Metade dessas infecções pode ser evitada com a implementação de práticas e programas eficazes, incluindo estratégias de melhoria da higiene das mãos. Essas estratégias também podem evitar três em cada quatro mortes relacionadas com as infecções que ocorrem em unidades de saúde.

"Investir em estratégias eficazes também pode gerar retornos financeiros significativos. A implementação de políticas de higiene das mãos pode gerar uma economia em média 16 vezes superior ao custo da sua aplicação", acrescenta.