Sem provas, Mourão se refere a mortos pela polícia no Jacarezinho como 'tudo bandido'
A operação da Polícia Civil do Rio já é considerada a mais letal da história do estado, segundo pesquisadores, organizações e profissionais que atuam na área
O vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), disse que os mortos na comunidade do Jacarezinho, na zona norte carioca, eram "todos bandidos", mesmo sem ter provas para fazer tal afirmação.
Os mortos ainda não foram identificados, e a polícia não apontou quais crimes teriam sido cometidos por cada um deles. Moradores questionam a afirmação de que houve confronto capaz de justificar as mortes.
A operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro já é considerada a mais letal da história do estado, segundo pesquisadores, organizações e profissionais que atuam na área.
A manifestação ocorreu na manhã desta sexta-feira (7), na chegada do vice-presidente, quando ele foi questionado sobre a morte de 25 pessoas (incluindo um policial) em operação no Rio de Janeiro na véspera.
"Tudo bandido. Entra um policial numa operação normal e leva um tiro na cabeça em cima de uma laje. Lamentavelmente essas quadrilhas do narcotráfico são verdadeiras narcoguerrilhas, têm controle sobre determinadas áreas."
E continuou: "É um problema da cidade do Rio de Janeiro que já levou várias vezes as Forças Armadas a serem chamadas para intervir, é um problema sério do Rio de Janeiro que nós vamos ter que resolver um dia ou outro".
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também se manifestou sobre o que ocorreu na comunidade do Jacarezinho. Nas redes sociais, ele postou um vídeo das armas apreendidas pela polícia e chamou de "vagabundo" quem defende assassino.
"Os caras são tão vagabundos que mesmo com policial assassinado ficam confortáveis para defender os assassinos. Acho que tenho mais nojo de engravatado que defende traficante do que do próprio traficante em si.
De acordo com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (Universidade Federal Fluminense), que possui uma base de dados iniciada em 1989, nunca houve uma ação única com essa quantidade de óbitos no estado. O maior total recente ocorreu no Complexo do Alemão em 2007, com 19 vítimas.
Um dos 25 mortos foi o policial civil André Frias, 45, que trabalhava na Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) e chegou a ser levado para o Hospital Municipal Salgado Filho ao ser atingido na cabeça, mas não resistiu. A unidade recebeu outra vítima que não teve a identidade divulgada.
A Secretaria Municipal de Saúde também confirmou ao menos outras três pessoas feridas. Uma, não identificada, segue internada em quadro estável. O segundo, Rafael Moreira, 33, deixou a unidade por conta própria. O terceiro, Humberto Gomes Duarte, 20, também está estável no Hospital Municipal Souza Aguiar.
Os dois últimos estavam dentro de um vagão do metrô que passava pela estação de Triagem, em Benfica, bairro próximo, quando um projétil atingiu um vidro da composição. Segundo o MetrôRio, um deles foi atingido por estilhaços de vidro e o outro, de raspão no braço.