Dia das Mães: a difícil tarefa de conciliar trabalho e maternidade durante a pandemia
A chegada de um filho muda completamente a vida da mãe. Em uma pandemia, a mudança e as dificuldades tendem a ser ainda maiores
Amamentar, acompanhar os primeiros sorrisos, passos e palavras são momentos únicos para as mães durante a maternidade. Os primeiros meses ao lado filho criam conexões emocionais que serão levadas por toda a vida, sendo fundamental para o desenvolvimento do bebê. Por causa disso, a volta ao trabalho tende a ser um momento difícil para as mães, que precisam conciliar a vida profissional com a nova vida pessoal. E neste período pandêmico, a situação se torna ainda mais desafiadora.
Nathalia Cimi é gerente de marketing da TIM Nordeste e virou mãe há nove meses, quando deu à luz ao pequeno Mateus. Nascido em plena pandemia, Mateus se tornou uma luz para a família em meio à situação vivida mundialmente. “Ser mãe pela primeira vez já é difícil e em uma pandemia gera muito mais ansiedade que o normal. Antes, todo mundo ia para a maternidade ver o parto, era uma festa. No meu parto só estava eu e meu marido, e foi tão bonito assim. As coisas assumem o significado que a gente quer e neste período difícil, tudo é adaptação e ressignificação”, relatou Nathalia.
A gerente de marketing voltou a trabalhar há três meses e está vivendo a experiência de ser mãe e profissional sob o mesmo teto, visto que está trabalhando em home office. “Neste momento é necessário equilibrar vários pratos ao mesmo tempo. Hoje, com a reabertura das escolas, eu consegui colocar o Mateus na creche. É nesse intervalo que eu tenho que dar conta de todas as atividades, tornando o trabalho mais concentrado. O importante é fazer isso de uma forma fluida, tranquila. Não adianta querer dar conta de tudo e ficar estressada”, explicou Nathalia.
E, como toda a experiência, trabalhar em casa e cuidar do filho também tem seu lado positivo. “A parte mais gratificante de tudo é poder dar um beijo, abraço e brincar com Mateus nos momentos de intervalo. Viver isso de forma rotineira é muito bonito e gera mais conexões. A experiência da maternidade precisa ser boa porque é isso que fica na vida”, disse a gerente.
Nathalia também recebe bastante apoio da empresa em que trabalha. De acordo com ela, além dos benefícios oferecidos pela TIM, existe um suporte emocional e compreensão que a permite desenvolver o seu trabalho de forma harmônica. “De modo geral, os benefícios da empresa são excelentes, mas além disso, eu estou rodeada por pessoas muito simpáticas. Hoje lidero uma equipe com 14 profissionais que entendem que eu não vou ver tudo o tempo todo”, relatou a gerente de marketing.
Essa rede de apoio profissional relatada por Nathalia não existe quando a mãe é dona do seu próprio negócio. A empreendedora Jéssica Prazeres, por exemplo, se tornou mãe há sete meses. Dona de duas lojas, a Nuvem de Prata (@nuvemdeprata) e a TINA (@usetiina), ela relata as dificuldades passadas neste momento. “Eu já tive crises de ansiedade e de choro porque a pessoa se cobra muito pois quer dar o seu melhor para o filho, mas ao mesmo tempo não pode abrir mão da loja. Eu sou a cara dos negócios, então eu tenho que postar, falar e ao mesmo tempo cuidar de Francisco”, explica a empreendedora.
Para conseguir dar conta dos empreendimentos e aproveitar a maternidade, Jéssica precisou se adaptar à rotina de Francisco. “Quando ele era menorzinho, o trabalho era 24 horas, porque ele não tinha horário certo para dormir. Então a gente foi se adaptando à rotina dele, aproveitando os intervalos que ele dormia para poder produzir. Hoje eu já consigo trabalhar com Francisco, inclusive incluindo ele nas postagens”, disse Jéssica Prazeres.
Além da adaptação, possuir uma rede de apoio familiar está sendo essencial para que a empreendedora consiga conciliar a maternidade e o trabalho. “As mães geralmente querem fazer tudo sozinhas, mas quando você é empreendedora, a sua empresa também se torna um filho seu. Então é preciso aprender a delegar, pedir ajudar, porque senão tudo se torna estressante e você acaba não fazendo as coisas bem feitas. Também é importante ser sincera com o seu público, os clientes têm que entender que por trás de toda loja existe uma pessoa”, relatou Jéssica Prazeres.
A rede de apoio familiar também foi importante para Anna Carolina Cabral, mãe de Laura (nove meses). “Eu costumo dizer que a maternidade não é um jogo individual, porque se for dessa forma se torna muito difícil. É importante ter pessoas ao redor que cuidem da mãe, e não somente da criança. A mãe sabe exatamente como atuar nas necessidades dos filhos, sendo até mais rápida e prática. Então se você quer saber como ajudar uma criança, o primeiro passo é ajudar a mãe, que também precisa de cuidado”, explicou Anna, que é advogada trabalhista do escritório Queiroz Cavalcanti Advocacia.
Para Anna, a maternidade é um momento de superação. “Em cada fase da vida você vai conhecendo um pouco os seus limites. Você sabe até onde consegue ir, mas na maternidade você supera todos eles. Ao mesmo tempo que é difícil, é recompensador, gostoso e gratificante. Eu fui surpreendida pelo trabalho que dá ser mãe, mas também fui surpreendida pelo amor que eu senti. Jamais outra pessoa vai te admirar tanto quanto um filho. Nada se compara a um olhar ou o sorriso que a criança dá por simplesmente você existir”, ressaltou Anna.