Seguimos com liberdade para definir preços dos combustíveis, diz Petrobras
A escalada dos preços foi a principal motivação da nomeação de Silva e Luna em substituição a Roberto Castello Branco
O diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Mastella, disse nesta sexta (14) que a mudança no comando da companhia após a posse do general Joaquim Silva e Luna não vai alterar a gestão dos preços dos combustíveis.
A escalada dos preços foi a principal motivação da nomeação de Silva e Luna em substituição a Roberto Castello Branco, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro em meio a ameaças de greve dos caminhoneiros.
"A gente segue com liberdade e independência na prática dos nossos preços, buscando o melhor resultado para nossos clientes e nossos acionistas", afirmou Mastella, em conferência virtual com analistas para detalhar o lucro de R$ 1,2 bilhão registrado pela empresa no primeiro trimestre.
A conferência foi o primeiro evento público da nova diretoria nomeada por Silva e Luna, todos empossados há pouco menos de um mês. Quebrando tradição sobre a presença do presidente da empresa na conferência, o general enviou um vídeo e não esteve na sessão de perguntas.
"Estamos seguros de que a grandeza e a solidez desta companhia continuarão a merecer a mesma confiança que nos tem sido creditada", afirmou Silva e Luna, em seu discurso. Ao contrário da posse, porém, ele não fez referências a preços de combustíveis.
Com a ausência do chefe, coube a Mastella responder aos questionamentos dos investidores sobre o tema. Ele disse que não houve mudanças nem na periodicidade nem no sistema de avaliação dos preços, que continua buscando alinhamento às cotações internacionais.
"Não há mudança nenhuma na maneira de gerenciar ajuste de preços", afirmou o diretor, que, como todos os três colegas que participaram do evento, vestia uma camisa polo com o logotipo da empresa, outra novidade da gestão Silva e Luna.
"O grupo decisório é o mesmo, a frequência de monitoramento do mercado é diária e, a partir da observação do nosso posicionamento do mercado, da competitividade, do market share, a gente toma a decisão de ajustar para cima ou para baixo", completou.
Mastella frisou que a empresa já testou diferentes abordagens de frequência de precificação, desde reajustes diários a prazos mais longos, e que hoje está num nível intermediário. O foco, diz, é "não repassar imediatamente oscilações do mercado externo ou do câmbio e ao mesmo tempo manter nossos preços em nível competitivo".
Desde a posse de Silva e Luna, a estatal promoveu apenas um ajuste nos preços: cortes de 2,1% no diesel e 1,9% na gasolina no dia 30 de abril. A redução foi anunciada na véspera do fim da isenção de impostos federais sobre o óleo diesel, que aumentaria os preços em cerca de R$ 0,30 por litro.
Em sua mensagem gravada, Silva e Luna prometeu continuidade na estratégia da companhia e defendeu a venda de ativos com o argumento de que os recursos serão usados para investimentos de melhor rentabilidade.
A companhia é alvo de protestos de sindicatos e partidos da oposição pelo projeto de venda de refinarias. Esta semana, o TCU (Tribunal de Contas da União) rejeitou denúncia sobre a venda da Rlam (Refinaria Landulpho Alves), na Bahia, primeira unidade com contrato assinado.
"Estamos desinvestindo para investir mais e melhor, concentrando nossos esforços em refino na modernização e expansão das nossas plantas próximas da matéria prima, o pré-sal, e próximas da logística instalada", afirmou Silva e Luna.
Ele frisou ainda que a empresa vai investir US$ 55 bilhões nos próximos cinco anos, com foco na instalação de 13 novas plataformas de produção de petróleo e gás. "Com este conjunto de ações a Petrobras vai extrair daqui pra frente mais petróleo do que já extraiu em toda a sua história", disse.
No primeiro trimestre, o lucro de R$ 1,2 bilhão foi resultado dos elevados preços do petróleo e dos combustíveis, mas teve efeito negativo da desvalorização do real frente ao dólar, que impacta a dívida da companhia.
No encontro com analistas desta sexta, o diretor Financeira da Petrobras, Rodrigo Araújo Alves, destacou que a companhia conseguiu reduzir seu endividamento no período por meio do pré-pagamento de títulos. "O fluxo de caixa livre foi todo utilizado para amortização regular de dívidas e também para pré-pagamentos", disse Alves.
Ao fim do trimestre, a dívida bruta era de US$ 70,9 bilhões (R$ 388 bilhões, pelo dólar médio de vendas no período), queda de 20,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. A meta da companhia é chegar a US$ 60 bilhões em 2022.