Papa pede fim à "espiral da morte" em Myanmar e no Oriente Médio
Francisco apelou à unidade, chamando a divisão entre comunidades e povos de uma doença mortal'
O papa Francisco fez apelos pela paz em Myanmar e no Oriente Médio neste domingo (16), alertando especialmente contra a "espiral de morte e destruição" no conflito israelense-palestino.
Em uma missa especial por Myanmar, celebrada pela manhã na Basílica de São Pedro, o papa reiterou seus apelos para que cesse a violência no quarto mês de repressão sangrenta da junta militar contra a população civil.
Esta missa foi celebrada após vários apelos pela paz lançados nos últimos meses por Francisco, que visitou Myanmar em novembro de 2017, na primeira visita papal a uma nação predominantemente budista.
Em sua homilia, o pontífice argentino, de 84 anos, evitou denunciar abertamente o regime militar birmanês, que derrubou o governo eleito de Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro, e pediu aos fiéis que sejam "firmes na verdade". Pedindo para não perder a esperança.
“Queridos irmãos e irmãs, enquanto Myanmar, seu querido país, é marcado pela violência, pelo conflito e pela repressão, nos perguntamos: de que devemos cuidar? Em primeiro lugar, cuidar da fé”, declarou.
Francisco apelou à unidade, chamando a divisão entre comunidades e povos de uma "doença mortal".
"Sei que algumas situações políticas e sociais são maiores do que vocês, mas o compromisso com a paz e a fraternidade nasce sempre da base. Cada um pode fazer a sua parte", disse.
- "O ódio e a vingança" -
"E onde há guerra, violência e ódio, ser fiel ao Evangelho e construtor da paz significa comprometer-se, também através das decisões sociais e políticas, arriscando a vida", continuou.
Após a tradicional oração do Angelus ao meio-dia, Francisco também alertou contra a "espiral de morte e destruição" nos confrontos no Oriente Médio, considerando a perda de vidas inocentes neste conflito como algo "terrível e inaceitável".
É preciso encontrar uma solução, “com a ajuda da comunidade internacional”, acrescentando: “o ódio e a violência crescentes (...) são uma grave ferida à fraternidade e à convivência pacífica entre os cidadãos, difícil de curar senão imediatamente aberto ao diálogo."
"Muitas pessoas ficaram feridas e muitos inocentes morreram. Entre eles também há crianças, e isso é terrível e inaceitável", disse o papa.
“Eu me pergunto: para onde vão o ódio e a vingança? Será que realmente pensamos em construir a paz destruindo o outro?”, continuou, pedindo calma aos responsáveis para “fazer cessar o rugido das armas e percorrer os caminhos da paz, também com a ajuda da comunidade internacional”.