Deputado bolsonarista agride colega petista em sessão sobre regulação de Cannabis na Câmara
O deputado bolsonarista Diego Garcia (Podemos-PR) agrediu o colega petista Paulo Teixeira (PT-SP) durante uma reunião da Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta terça-feira (18), que discute a comercialização de medicamentos com Cannabis sativa no País.
Diego deu um tapa no peito de Paulo, que é presidente da Comissão Especial.
A discussão teve início após a negação a um requerimento de Garcia, que tentava adiar a reunião. O bolsonarista pleiteava ainda uma votação nominal, também negada.
"Vai continuar! Vai continuar!", diz Paulo Teixeira enquanto Diego Garcia chega, empurra o notebook do petista e agride o colega.
Um bate boca seguiu a agressão e outros deputados tentavam conter os ânimos. Na transmissão da TV Câmara, é possível ouvir uma mulher pedindo a chegada de seguranças. A sessão seguiu e não houve novas agressões físicas.
Em seu perfil no Twitter, o deputado Paulo Teixeira publicou o vídeo do momento da agressão com a legenda "Deputado Bolsonarista me agride na comissão de regulamentação da cannabis. Vejam".
Diego Garcia usou o Twitter para se defender e negou a agressão.
"Estão me acusando erroneamente de ter agredido o presidente da Comissão do PL 399, que quer liberar a maconha no Brasil. Não foi isso o que aconteceu e as imagens confirmam o que estou dizendo. Reagi ao atropelo do presidente ao acordo feito por ele mesmo com os deputados", publicou o bolsonarista.
Projeto
A comissão especial que analisa o projeto que autoriza o cultivo, no Brasil, de Cannabis sativa — planta também usada para produzir a maconha — para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais (PL 399/15), reúne-se nesta terça-feira (18) para analisar o parecer do relator, deputado Luciano Ducci (PSB-PR).
A discussão do texto estava prevista inicialmente para esta segunda (17), mas foi adiada.
Segundo o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o adiamento foi causado por problemas técnicos que impediram os parlamentares de acessarem o sistema de informática. Em razão da pandemia do novo coronavírus, os trabalhos do colegiado acontecem de forma semipresencial.
O substitutivo proposto por Ducci legaliza o cultivo da Cannabis, mas impõe restrições. O plantio poderá ser feito apenas por pessoas jurídicas, como empresas, associações de pacientes e organizações não governamentais.
Não há previsão para o cultivo individual. Um pedido de vista coletivo adiou a votação da proposta.
O texto também proíbe a produção e a comercialização de produtos fumígenos, como cigarros, fabricados a partir da Cannabis medicinal, assim como chás medicinais ou outras mercadorias na forma vegetal da planta para pessoas físicas.
Ducci reiterou que o foco do projeto é o uso medicinal da Cannabis e rejeitou a afirmação de que seu parecer libera o consumo recreativo da maconha.