Conflito Israel-Palestina

Ofensiva diplomática se intensifica em busca de trégua em Gaza

Soldados israelenses disparam mísseis - Menahem Kahana/AFP

A ofensiva diplomática internacional para deter os bombardeios do Exército israelense em Gaza e os disparos de foguetes palestinos contra Israel se intensificou, nesta terça-feira (18), à medida que os ataques continuam em um ritmo frenético. 

O confronto também se cristalizou em torno da abertura de uma passagem para Gaza, destinada a possibilitar uma primeira entrega de ajuda humanitária no enclave, "indispensável após nove dias de crise", segundo a ONU.

Mas a passagem de Kerem Shalom foi aberta por apenas algumas horas e novamente fechada por Israel após o lançamento de projéteis palestinos.

Na Cisjordânia, depois que uma greve geral foi convocada pelo partido Fatah de Mahmoud Abbas, comércios e escolas em Ramallah e outras cidades permaneceram fechados nesta terça-feira. 

O chamado teve eco nas cidades árabes israelenses e nas cidades "mistas" de Israel, onde as tensões entre judeus e árabes permanecem altas.

Em Jerusalém Oriental, a parte anexada da cidade, vários confrontos ocorreram entre palestinos e as forças de segurança israelenses, que usaram canhões de água e prenderam vários manifestantes, segundo um jornalista da AFP.

Desde o início do conflito, em 10 de maio, 213 palestinos - incluindo 61 crianças - morreram em Gaza e mais de 1.400 ficaram feridos, de acordo com um balanço fornecido pelas autoridades palestinas.

Em Israel, 12 pessoas morreram - incluindo uma criança - e 294 ficaram feridas por foguetes.

Esta manhã, os bombardeios continuaram no enclave palestino, após uma noite de intensos ataques em Gaza com explosões que iluminaram o céu, constataram jornalistas da AFP.

O Exército anunciou que havia atacado "locais de lançamento de foguetes", alguns deles "subterrâneos".

"Eles destruíram nossa casa de dois andares, não sei por que nos escolheram! Foi uma noite terrível e violenta", disse à AFP Nazmi al-Dahduh, de 70 anos, morador da zona oeste da cidade de Gaza.

Os mísseis israelenses deixaram crateras nas ruas e destruíram a rede elétrica, mergulhando Gaza na escuridão

Escassez
Do lado israelense, dois trabalhadores tailandeses morreram no sul do país por mísseis lançados de Gaza, segundo a polícia.

Em nove dias, 3.440 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza, de acordo com o Exército israelense, que interceptou 90% com seu sistema de defesa antiaérea. 

O Conselho de Segurança da ONU se reúne nesta terça pela quarta vez para uma sessão de emergência, mas os Estados Unidos continuam se opondo a uma declaração pedindo o "fim da violência".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusado por seu próprio partido de falta de firmeza com Israel, expressou na segunda-feira seu apoio a um "cessar-fogo" em um novo telefonema com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

"Nossa linha é continuar atacando alvos terroristas", enfatizou Netanyahu.

O movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza, ameaçou lançar mais foguetes em Tel Aviv se a aviação israelense "não parar de alvejar civis".

Dezenas de seus mísseis caíram no sul de Israel.

O Exército israelense afirma ter alvejado o que chama de "metrô" - túneis subterrâneos que permitem ao movimento islamita mover sua munição - e as casas dos comandantes do Hamas, alegando que eles "armazenavam armas".

Diplomacia "discreta"
Na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, o presidente Mahmoud Abbas pediu ao enviado americano Hady Amr uma "intervenção" de Washington.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, defendeu a abordagem diplomática "discreta", mas "intensiva" de Washington neste assunto. 

Os presidentes Emmanuel Macron (França) e Abdel Fatah al-Sissi (Egito) conversaram nesta terça-feira para mediar o conflito. 

Por sua vez, o rei da Jordânia, Abdullah II, e a chanceler alemã, Angela Merkel, também pediram um cessar-fogo "rápido".

Já o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, considerou nesta terça-feira que era prioridade conseguir a "cessação imediata" da violência e a "implementação de um cessar-fogo" entre israelenses e palestinos.

"O objetivo é proteger os civis e permitir o acesso da ajuda humanitária à Gaza", afirmou após uma reunião dos ministros das Relações Exteriores da UE.

Em 10 de maio, o conflito estourou com uma enxurrada de mísseis lançados pelo Hamas contra Israel em "solidariedade" com as centenas de manifestantes palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental.

A violência teve origem na ameaça de expulsão de famílias palestinas em favor de colonos israelenses neste setor palestino ocupado por Israel há mais de 50 anos. 

O conflito se espalhou para a Cisjordânia, onde 21 palestinos foram mortos em uma semana em confrontos com o Exército israelense, um deles nesta terça em Hebron, de acordo com as autoridades palestinas. 

O Exército israelense disse que frustrou uma tentativa de ataque por um homem armado.

O último grande confronto entre Israel e Hamas foi no verão de 2014. O conflito de 51 dias devastou a Faixa de Gaza, matando pelo menos 2.251 palestinos, a maioria deles civis, e 74 israelenses, quase todos soldados.