CPI nas redes: interação de internautas assume papel decisivo e inédito
Além da altíssima audiência de suas sessões transmitidas em tempo real pelo Youtube, CPI também tem se tornado um marco de participação digital
De toda a história das Comissões Parlamentares de Inquérito, a CPI da Covid, em curso no Senado Federal, não bastasse a altíssima audiência de suas sessões transmitidas em tempo real pelo Youtube, também tem se tornado um marco de uma nova participação política e social por meio das redes sociais.
Os efeitos dessa interação foi posto à prova, por exemplo, no depoimento do ex-secretário de Comunicação do Governo Federal Fábio Weingarten na última quarta-feira (12). Bastante criticado pelos senadores de oposição por prestar informações que, segundo descobriram internautas, contradiziam o que ele havia declarado a apoiadores.
Weingarten disse, por exemplo, que não poderia responder por uma campanha contra o isolamento realizada pela Secom pois esteve afastado na época da campanha em razão da Covid. A internet checou essa informação, que foi publicada em tempo real pelos perfis @jairmearrependi e @desmentindobozoque, resgatando uma live e uma entrevista onde o ex-secretário disse que, apesar de ter testado positivo, continuava trabalhando e aprovando campanhas de casa.
O senador Randiolfe Rodrigues (Rede) leu a postagem e, em tempo real, passou aos colegas da Comissão, que apresentaram os vídeos. Sob a acusação de mentir à CPI nesse dia, Fábio Weingarten foi ameaçado de prisão pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), que foi demovido da ideia pelo presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM).
Omar, aliás, é outro que tem se mostrado entusiasta das redes sociais, interagindo e pedindo sugestões para o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, por exemplo. Renan Calheiros também surpreendeu as redes sociais nessa terça (18) postando em seu story uma enquete para sugestões de perguntas a Pazuello, que será inquirido na manhã desta quarta (19).
Se as redes sociais tiveram papel decisivo para eleger o presidente Jair Bolsonaro, nesta CPI, elas têm mostrado um enorme potencial para desgastar ainda mais o seu governo e ligar o alerta do Planalto em relação à sucessão presidencial.