Pazuello nega inércia na negociação com a Pfizer e afirma que pressionou por recuo em cláusulas
'Foi constante a pressão para que se reduzisse as cláusulas', afirmou Pazuello
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello negou nesta quinta-feira (20), em depoimento à CPI da Covid-19 no Senado, que a sua gestão tenha ignorado as ofertas de venda de vacinas da Pfizer, afirmando que manteve pressão sobre a empresa para que mudasse as cláusulas impostas.
Pazuello repetiu diversas vezes em sua gestão que a Pfizer impôs cláusulas leoninas, como imunidade para eventuais efeitos colaterais da vacina, aceitar só ser julgada nos Estados Unidos e garantia de pagamento em instituições no exterior.
"Foi constante a pressão para que se reduzisse as cláusulas", afirmou Pazuello, que completou que os brasileiros não são "caloteiros".
"A minha posição com a Pfizer era que ela flexibilizasse para o Brasil, porque não tínhamos lei para isso", afirmou.
O ex-ministro voltou a afirmar que havia proposto mudança na legislação, mas os departamentos jurídicos dos outros ministérios foram contrários, afirmando que a iniciativa deveria partir do Congresso.
Pazuello então afirmou acreditar que uma proposta de Medida Provisória para alterar a legislação e permitir ao poder público assumir as responsabilidades impostas pelos laboratórios nem chegou à mesa do presidente Jair Bolsonaro.
'MISSÃO CUMPRIDA'
Ainda nesta quinta, Pazuello tentou esclarecer a sua fala do dia anterior, quando afirmou que deixou a pasta por ter cumprido a sua missão.
"Só para esclarecer que, quando um oficial, da polícia militar ou do Exército, recebe uma missão, como por exemplo combater uma gangue, uma facção, a missão dele não é acabar com o crime organizado. É uma fatia da missão que ele cumpre e depois retrai", disse.
"Então a compreensão de missão é muito militar. Por isso que as pessoas talvez não tenham compreendido quando eu disse missão cumprida. [Me referia à] minha fatia da missão, daquele pedaço, daquele momento, não à missão completa e ampla de combater a pandemia no país, entregar um país pronto, limpo", completou.