Música

Em "Eufônico", André Macambira compartilha introspecções em forma de música

Projeto autoral, produzido integralmente de sua casa, desnuda cantor e compositor pernambucano com faixas em formato de vídeos/canções

André Macambira, cantor e compositor - Macamba

Entre os estados de espírito comuns ao fazer artístico, o ‘mostrar-se sensível’ é o que tem demandado boa parte de projetos nos mais diversos vieses da arte, em especial ao universo da música, que chega potencializada por letras que desnudam o sentimento de quem as interpreta ou as escreve.

Tal qual fez o cantor e compositor pernambucano André Macambira “Expondo e compartilhando diálogos, introspecções, dúvidas e medos” como bem definiu seu “Eufônico”, projeto em formato de vídeos/canções lançado recentemente no YouTube e em breve em áudio nas plataformas de música. 



 

Sob o fomento da Aldir Blanc, as dez faixas que compõem o álbum foram produzidas, dirigidas, cantadas, tocadas, editadas e mixadas por ele, de sua casa – também local de sua produtora, a Vagalume - em companhia apenas de si mesmo e do seu violão. “Acho que é isso: uma boa conversa consigo, com frustrações, desejos, alegrias e esperanças”, complementou André em conversa com a Folha de Pernambuco.

O mais autoral dos projetos?
Apesar de estar ali pintado mas de alma nua, de frente para a lente da câmera, tem muitos parceiros envolvidos na jornada: Lara Klaus, Lucas Crasto, Cláudio Noah, Manuca Bandini e Marcos Varaze. Às vezes estar sozinho é concepção, já estive muitas vezes só em meio a outras pessoas, e muitas vezes bem acompanhado sozinho.

Mas no que diz respeito a executar de alma aberta, sim. Como uma mensagem enviada pelo náufrago dentro da garrafa ao mar. A pandemia me deixou mais livre para o violão, era até necessário, como terapia, escape. Aí fui revisitando alguns lugares e caminhos.

O André que está no projeto...
Sempre quis ser um personagem desde que comecei. Meu CPF não canta, ele paga contas, aliás tenta. Gosto de pensar num mundo fantástico, porque é intrínseca a nossa existência em relação ao que produzimos. Gosto de adornos, de não ter certeza. Como os sentimentos que apesar de tentarmos expressar em palavras sempre tem algo que não conseguimos dizer, até porque a música é adornar sons.

Canções feitas em momentos diferentes
Essas canções foram feitas em momentos e tempos diferentes, lugares diferentes, mas tinha algo em comum em mim. Letras que eu tinha feito para outra pessoa ou a visão que eu tinha dela ou de um fato. Percebi noutro momento que eram para mim mesmo, e mesmo evitando afirmar “verdades” poderiam dialogar com outras pessoas através da minha experiência como aprendo com a experiência alheia ou o modo de como as enxergo. 

O processo principal do Eufônico foi retirar pedaços de sentimentos de dentro entre tantas histórias, canções e parcerias pelo caminho principalmente o que eu queria trazer comigo em forma de canções e o que eu poderia cantar naquele momento. 

Maquiagem, figurino, arte
Pensei num elo entre os artistas de rua, mímicos, mágicos, músicos, palhaços. Ruas paradas, cidades em lockdown, o desamparo e mortes, com o medo e o exagero do expressionista do antes, durante e depois da primeira guerra, como o Gabinete de Dr. Galigari. Senti algo em comum nesses dois tempos.

“Eufônico”, próximos passos
Meu primeiro pensamento sobre a continuidade do ‘Eufônico’ era que eu podia levá-lo para qualquer apartamento, podia me apresentar pertinho, sentindo a respiração dos presentes. Agora penso em lançá-lo nas plataformas de áudio.

Produção na pandemia
Muitos planos pararam ou foram reformulados. A música, as imersões ao violão, têm sido uma terapia estudar sobre ideias de outros humanos sobre o mundo, isso também me mantém em movimento e instiga a busca por conhecimento, pois a vida é tão pouco para saber, que hoje coleciono dúvidas.

Com Talitha Accioly à frente da produção executiva de “Eufônico” e ilustração de Carolina Graça Mello, o álbum traz composições autorais como “Flor da Avenida” e “Irreverência”, e outras em parcerias, como “Amor Folião”, com Lara Klaus e “Juçara”, com Claudio Noah.