Governo demite militar responsável pela organização do Enem
A demissão do militar adiciona ainda mais incerteza na realização do Exame Nacional do Ensino Médio
Em meio ao cenário de indefinição do Enem 2021, o governo Jair Bolsonaro (sem partido) exonerou Alexandre Gomes da Silva do cargo de diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que era responsável pela organização do exame.
A saída de Gomes da Silva, coronel aviador sem experiência prévia em educação, foi oficializada em despacho no Diário Oficial da União desta quarta-feira (26). Ele havia sido indicado pelo ministro da pasta, Milton Ribeiro.
O coronel já estava afastado das suas funções e o cargo vinha sendo exercido por Anderson Oliveira desde o dia 18 de maio, quando ele foi nomeado diretor substituto. De acordo com servidores do instituto, Silva foi exonerado porque não se adaptou ao trabalho.
Ele mesmo teria pedido demissão e ainda não contava com a confiança do atual presidente do Inep, Danilo Dupas Ribeiro.
A demissão do militar adiciona ainda mais incerteza na realização do Exame Nacional do Ensino Médio, principal porta de entrada para o ensino superior no país. A nota do Enem é usada por praticamente todas as instituições públicas federais e serve de critério para acesso a programas de inclusão em faculdades privadas, como o ProUni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Financiamento Estudantil).
O Inep afirma não ter definição do cronograma da prova por questões orçamentárias e também logísticas, devido à pandemia de coronavírus.
A previsão atual, segundo documentos obtidos pela Folha, é que a prova só seja aplicada em meados de janeiro de 2022. A assessoria do Inep nega que o adiamento esteja definido.
O último exame, do Enem 2020, que seria originalmente aplicada no final de 2020, também aconteceu somente no início deste ano por causa da pandemia de Covid-19.
O Inep afirma ter orçamento garantido para a realização do exame neste ano. Mas, segundo interlocutores, ainda há indefinições sobre custos caso a aplicação seja em meio à pandemia -na última edição, vários participantes foram barrados na prova porque alguns locais de prova não comportavam todos os candidatos no esquema montado para garantir o distanciamento social.
As provas costumam acontecer em novembro, mas ainda não havia datas para a realização do exame neste ano.