Política

Eduardo Paes, prefeito do Rio, assina filiação ao PSD e faz elogios a FHC e Lula

Elogios para os ex-presidentes reforçam a tendência do PSD de se descolar do governo de Jair Bolsonaro (sem partido)

Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro - Tânia Rêgo/Agência Brasil

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (ex-DEM), assinou nesta quarta-feira (26), em Brasília, a sua ficha de filiação ao PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

Na solenidade, que contou com a presença de deputados e senadores da nova sigla, Paes fez elogios aos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reforçando a tendência do PSD de se descolar do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Ao fazer um discurso sobre o radicalismo das eleições de 2018, Paes defendeu a busca de consensos na atividade política.

"Consensos mínimos em prol da população têm que ser valorizados. Foi assim no momento em que o presidente FHC conseguiu estabilizar a economia brasileira, acabar com a inflação. Foi assim em determinado momento em que o presidente Lula conseguiu diminuir os índices de pobreza, de indigência. Estou falando de dois grandes presidentes brasileiros", disse o prefeito, ao lado de Kassab.

"Uns não gostam de um, uns não gostam de outro, ou não gostam de nenhum, mas, enfim, são personagens que a gente tem que reconhecer o valor que tiveram para a política brasileira."

Apesar de ter se alinhado a Bolsonaro em determinado momento, o PSD começou a se descolar do governo e defende formalmente uma terceira via –por ora, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), segundo o próprio Kassab–, embora haja entendimentos para a sigla apoiar a possível candidatura de Lula.

Kassab confirmou o acerto para que o ministro Fábio Faria (Comunicações) deixe o PSD. "Evidentemente que, como ministro do governo, ele vai ficar mais à vontade em um partido que apoie o presidente Bolsonaro", disse.

Ainda no discurso feito após assinar a ficha de filiação, Paes lembrou a derrota em 2018 na disputa ao Governo do Rio: "A partir de 2018 explode esse jogo de ódio, de quem xinga mais quem, de quem tem mais divergência, quando nosso papel é construir consenso. Disputei 2018, perdi pra esse ódio. Graças a Deus, para esse ódio que eu perdi."

Paes foi eleito prefeito em 2020 derrotando o bolsonarista Marcelo Crivella (Republicanos), que tentava a reeleição. "Foi quando passamos a perceber que a população está de saco cheio dessa história. A população quer gestão, quer consenso, quer solução para os seus problemas."

A ida do prefeito para o PSD deve ser acompanhada da filiação de outros políticos, como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A vitória de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara, em fevereiro, foi o estopim para a saída de Paes e Maia do DEM. A avaliação foi a de que o presidente nacional da sigla, ACM Neto (BA), lavou as mãos e beneficiou o bolsonarista Lira em detrimento do candidato de Maia, Baleia Rossi (MDB-SP).

Sobre a disputa ao Governo do Rio em 2022, Paes fez críticas, sem citar nomes, aos pré-candidatos Marcelo Freixo (hoje no PSOL) e Claudio Castro (atual governador, que deve se filiar ao PL), afirmando que a política de segurança pública do estado não pode ser comandada por políticos adeptos ao "tiro na cabecinha" –em alusão à frase do ex-governador Wilson Witzel– ou que ficam só "falando em sociologia".

"É inadmissível que percamos o monopólio da força seja para miliciano, seja para traficante", disse também Paes, que mais uma vez defendeu a pré-candidatura ao Governo do Rio do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, também presente à solenidade.