Japão prorroga estado de emergência até um mês antes dos Jogos Olímpicos
O governo japonês está sendo criticado criticado pela lentidão na campanha de vacinação e por sua insistência em manter os Jogos Olímpicos, que serão disputados de 23 de julho a 8 de agosto
O governo japonês prorrogou nesta sexta-feira (28) o estado de emergência sanitária em boa parte do país até 20 de junho, ou seja, um mês antes do início dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que estão confirmados, apesar das dúvidas que provocam dentro e fora do país.
"O número de casos baixou desde meados do mês, mas a situação continua sendo incerta", declarou o primeiro-ministro Yoshihide Suga, ao anunciar a decisão.
"Em Tóquio e Osaka, o número de novas infecções continua sendo elevado", completou.
Tóquio e outros nove departamentos do país, incluindo Osaka e Kioto (oeste), devem respeitar há várias semanas o estado de emergência, uma medida que proíbe a venda de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes e estabelece o fechamento mais cedo dos locais. A medida terminaria em 31 de maio.
As restrições no Japão não têm semelhanças com os confinamentos aplicados em outros lugares do mundo, que são muito mais severos.
O governo japonês está sendo criticado criticado pela lentidão na campanha de vacinação e por sua insistência em manter os Jogos Olímpicos, que serão disputados de 23 de julho a 8 de agosto.
O evento esportivo é considerado por boa parte da população, empresários e organizações médicas como um fator de risco, uma consequência da chegada de dezenas de milhares de atletas, integrantes das delegações e jornalistas de todo o mundo.
Mas o comitê organizador insiste que os Jogos serão seguros e contarão com regras estritas para proteger os participantes e a população local.
As pesquisas mostram que a maioria da população japonesa é contrária ao evento, mas até o momento os protestos para pedir o cancelamento dos Jogos reuniram poucas pessoas.
"Uma ameaça"
Esta semana, o jornal japonês Asahi, o segundo mais vendido no país e um dos patrocinadores do evento, pediu o cancelamento dos Jogos porque são "uma ameaça para a saúde".
Também criticou o "egoísmo" do Comitê Olímpico Internacional (COI), depois que seu vice-presidente, John Coates, declarou na semana passada que os Jogos acontecerão mesmo se Tóquio permanecer sob estado de emergência.
Também esta semana, duas associações médicas pediram o cancelamento dos Jogos para evitar um "desastre" ou que pelo menos sejam disputados sem a presença de torcedores, estrangeiros ou locais.
O Japão proibiu a presença de torcedores procedentes do exterior e vai tomar uma decisão em junho sobre a permissão ou não do público local.
"Acredito que o número de torcedores será decidido após a retirada do estado de emergência", disse nesta sexta-feira Seiko Hashimoto, presidente do comitê organizador Tóquio-2020.
Alguns atletas expressaram dúvidas sobre os Jogos Olímpicos. O líder do ranking mundial do tênis, Novak Djokovic, declarou na quinta-feira que está avaliando sua participação no evento caso o público não seja autorizado.
O debate sobre a realização ou não dos Jogos também chegou às autoridades mundiais. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se declarou favorável à celebração e a União Europeia (UE) respaldou a manutenção do evento por considerá-lo um "símbolo da unidade mundial para vencer a covid-19".
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que a autorização da UE para a exportação de mais de 100 milhões de doses de vacinas anticovid ao Japão é um "sinal claro do apoio e importância que se dá aos Jogos Olímpicos e à segurança do evento".
O programa de vacinação avança com dificuldades e menos de 2,5% da população japonesa está completamente imunizada. Apesar das preocupações, o coronavírus afetou o Japão com menos força que outros países. O arquipélago registra 12.500 mortes por covid-19.
Certificado digital europeu
Em todo o mundo, a pandemia matou mais de 3,5 milhões de pessoas, de acordo com os balanços oficiais, e provocou quase 169 milhões de contágios.
A situação evolui de maneira diferente, de acordo com a região. Na Europa os países flexibilizam gradualmente as restrições, graças à vacinação e a chegada do verão.
O Reino Unido aprovou nesta sexta-feira a vacina de dose única da Janssen (Johnson & Johnson) contra o coronavírus, a quarta que será utilizada no país contra a pandemia, depois dos fármacos da Pfizer, AstraZeneca e Moderna.
Nesta sexta-feira, a Grécia, que depende muito do turismo, apresentou sua plataforma interativa do certificado digital europeu contra a covid-19, que será "uma das primeiras a ficar pronta" na UE, que começará a usar o mecanismo em 1º de julho.
Na América Latina, onde a pandemia provocou mais de um milhão de mortes, a situação é preocupante em países como Uruguai, Argentina e Paraguai.
Segundo um balanço da AFP, o Uruguai registrou 22 mortes para cada 100.000 habitantes nos últimos 14 dias, seguido pelo Paraguai, com 19 mortes, e a Argentina. Como referência, Estados Unidos registra 2,5.