Televisão

De volta ao ar em “Império”, Marina Ruy Barbosa valoriza seu amadurecimento após a trama das nove

Na história do horário nobre, Maria Isis é a jovem amante do Comendador José Alfredo, papel de Alexandre Nero

A atriz Marina Ruy Barbosa - Reprodução

Quando a oportunidade para “Império” surgiu Marina Ruy Barbosa já acumulava pouco mais de uma década na televisão. Ainda assim, ao assumir o papel da ninfeta Maria Isis na trama de Aguinaldo Silva, a atriz encarou o projeto do horário nobre como um recomeço no vídeo. Mesmo com o vasto currículo na tevê, a ruiva vivia, pela primeira vez, uma personagem com enredo sensual e com conteúdo mais denso. “Eu era uma menina, tinha 19 anos. Ficava pensando se conseguiria dar conta do recado. Mas eu queria muito que aquilo desse certo porque era o começo de uma nova fase. Foi uma transformação para mim como atriz. Até eu passei a acreditar mais em mim como profissional. Lutei com unhas e dentes por essa oportunidade”, afirma Marina, que voltou ao ar na edição especial de “Império” por conta das medidas de restrição da Covid-19. “Rever essa novela é um trabalho de memória afetiva muito gostoso”, completa.

Na história do horário nobre, Maria Isis é a jovem amante do Comendador José Alfredo, papel de Alexandre Nero. Linda e extremamente frágil, ela vive dividida entre a fidelidade à família de aproveitadores e o amor sincero que sente pelo Comendador.

Para Marina, a relação amorosa dos dois vai crescendo ao longo dos capítulos. “No começo, todo mundo tinha uma visão muito superficial dessa relação, da objetificação da mulher e da menina que era sustentada pelo cara. Porém, havia um amor genuíno entre os dois. Isso foi ficando claro ao longo da novela. O José Alfredo tinha uma preocupação real pela Isis. Eles construíram uma relação amorosa muito sólida. Tanto que havia uma torcida muito favorável ao casal”, defende.

P –Quais as principais lembranças que você carrega da trama de “Império”, que voltou recentemente ao ar?

R – Eu tive muito medo dessa novela. Foi a minha primeira personagem mais adulta e tinha apenas 19 anos. Estava contracenando com gigantes da tevê e atores incríveis, como Lilia Cabral e o Nero. Eu era muito menina e ficava pensando como seria isso. Será que eu daria conta do recado? O Aguinaldo (Silva, autor) e o Papinha (Rogério Gomes, diretor) confiaram muito em mim e serei eternamente grata por toda essa confiança. Lembro que, no começo da preparação, estava em um exercício com a Lilia, mas eu estava extremamente nervosa. Então, meu lábio começou a tremer involuntariamente. Era impossível parar e eu nem conseguia disfarçar. Acho que era uma mistura de vergonha e nervoso daquele começo.

P – Mas em algum momento você conseguiu relaxar ao longo do trabalho?

R – Sim. Logo após a estreia, a gente percebeu que a novela foi muito bem aceita pelo público. Todo mundo comprou a ideia. Isso ajuda muito a seguir com tranquilidade o trabalho. A gente virou fantasia de Carnaval. Dá para acreditar nisso? (risos) Tinha o bloco de “Império” e as pessoas saíam fantasiadas de Maria Isis, Maria Marta e Comendador. Foi uma novela que contagiou as pessoas. Tivemos um trabalho de união de elenco muito forte no início da pré-produção. Isso foi fundamental para o sucesso.

P – De que forma?

R – Então, foi quando a Globo começou a fazer umas preparações de elenco mais longas e com o Eduardo Milewicz (preparador de elenco). Gente da primeira e da segunda fase estava trabalhando junto naqueles galpões dos Estúdios Globo. Muita gente já havia trabalhado junto, mas outros não se conheciam. Acho que esse momento uniu todo mundo. Ficamos um mês nos encontrando todos os dias, tendo de nos conhecer e quebrar barreiras da timidez.

P – Logo no começo da pandemia, você voltou ao ar na reprise de “Totalmente Demais”. Como foi a repercussão dessa reexibição?

R – Acho que o principal ponto dessas reprises é saber como o público aceita a história anos depois. Em “Totalmente Demais”, teve muita gente mudando de opinião em relação à primeira exibição. Tinha gente que torcia, por exemplo, pela Eliza e pelo Arthur, mas, na reprise, torcia pelo Jonas e a Eliza. É a vida, né? A gente vai mudando de opinião a partir das experiências que vamos tendo. Isso reflete na torcida ou visão sobre uma novela ou filme. Estou curiosa para ver como será isso em “Império”.

P – Você acredita que algumas temáticas podem gerar novos questionamentos durante a reprise de “Império”?

R – Claro. Acho natural surgirem novos questionamentos sobre a relação do Comendador e da Maria Isis, por exemplo. A sociedade mudou ao longo desses seis anos. Inclusive, a forma como ele chamava a Isis. Esse apelido de “Sweet Child” seria bem questionado hoje em dia. Desde a novela, meu interesse pelas pautas feministas só cresceu.

P – Como assim?

R – Estou muito mais envolvida com essas questões hoje em dia. Há uma necessidade continuarmos atentos. Eu acredito que uma mulher empoderada é uma mulher que faz suas próprias escolhas, sejam elas quais forem. Nosso caminho tem de ser individual, respeitado e celebrado por todos nós. Antigamente se falava muito sobre a rivalidade feminina. Graças a Deus, isso mudou. Essa questão de competição é passado. Isso acontece após muito questionamento e com mudanças de posicionamentos.

P – Qual foi o impacto de “Império” na sua trajetória?

R – Acho que é um dos papeis mais importantes da minha trajetória até hoje. Foi quando, aos 19 anos, tive a chance de fazer uma personagem mais madura e contracenando com um elenco muito experiente. Eu estava ansiosa e com o desejo de fazer dar certo, comprar esse barulho. Foi um momento de transformação como atriz. Consegui fazer essa virada de atriz-mirim para adulta. Então, foi um processo importante para continuar ganhando papéis interessantes e tramas bacanas.

P – A pandemia atravessou a sua agenda profissional nos últimos meses?

R – Sim. Eu amo trabalhar e sou viciado em trabalho. Há alguns meses, eu havia começado a preparação para a série “Rio Connection”, uma produção de uma parceria entre a Globo e a Sony. Porém, precisamos parar por conta das restrições da pandemia. Foi um banho d’água fria. Já estava super empolgada com a retomada e tivemos de interromper os trabalhos.

 

Mudança de rota

                A trama de “Império” fez Marina Ruy Barbosa encarar um enredo mais denso e dramático na televisão. Participando de uma obra aberta, a atriz afirma que ficou bastante insegura sobre o destino da personagem ao longo dos capítulos. “A gente sempre começa um trabalho com inseguranças, tentando entender os caminhos que a obra segue. Obra aberta é sempre mais complicada. A gente nunca sabe o que autor está planejando para o futuro”, afirma.

                Aos 25 anos, Marina está quase há duas décadas na televisão. Envolvida há tanto tempo com o meio, ela confessa que boa parte de sua formação foi diante do vídeo. “Eu não consigo fazer essa separação, sabe? Sou o que sou por causa da minha profissão, da arte. Isso é o que eu amo fazer e espero seguir fazendo por muitos anos ainda”, valoriza.

 

Primeira reprise

                Antes de curtir a reprise de “Império”, Marina Ruy Barbosa esteve no ar na edição especial de “Totalmente Demais”. A escolha da novela para voltar ao ar foi uma surpresa para a atriz. “Fui completamente surpreendida pela escolha da trama. Nesse momento tão estranho e triste, ‘Totalmente Demais’ ser escolhida para entrar no ar me alegrou muito”, vibra.

                Na história, ela viveu a protagonista Eliza, uma jovem do interior que é descoberta por um agente de modelos. Ao longo dos capítulos, ela passa por uma intensa transformação até ser escolhida como “Garota Totalmente Demais”. “Lembro que, logo na pré-produção, fiz laboratório com o Felipe Simas nas ruas do Centro do Rio, antes da gente começar as gravações, e a nossa missão/meta era não sermos reconhecidos por ninguém”, relembra.