Indispensável durante a pandemia, máscaras podem agravar problemas oftalmológicos; veja como evitar
Um artigo divulgado na Ophthalmology and Therapy apontou um aumento nos casos de olho seco relacionados ao uso de máscaras. Especialista dá dicas para evitar ou minimizar os impactos do problema
Barreira física contra o coronavírus, as máscaras, sejam elas de pano, TNT, N95 ou PFF2, são aliadas indispensáveis durante a pandemia. No entanto, apesar da importância do acessório, o seu uso prolongado pode tornar a região propícia para o surgimento ou até mesmo o agravamento de alguns problemas e incômodos, principalmente na região dos olhos
Um artigo divulgado na Ophthalmology and Therapy apontou um aumento nos casos de olho seco relacionados ao uso de máscaras. De acordo com o oftalmologista João Vilaça, isso ocorre por conta da proximidade da borda superior da máscara com a pálpebra inferior.
"Normalmente, na parte de cima do nariz, ficam alguns espaços na máscara. É por esses espaços que costuma escapar o ar quente da nossa respiração que bate diretamente nos nossos olhos, o que aumenta a evaporação da lágrima e causa o olho seco", explica Vilaça.
(PODCAST) Canal Saúde - Olho seco e irritação ocular associados ao uso de máscara
Segundo o oftalmologista, a Síndrome do Olho Seco é uma ocorrência oftalmológica que diminui a lubrificação da região dos olhos e pode apresentar outros sintomas.
"Nas queixas de olho seco sempre aparecem a irritação e o lacrimejamento, além da vermelhidão, do queimor e da ardência", cita o médico, que ressalta que qualquer pessoa, de qualquer idade, pode apresentar a síndrome, que costuma ser mais frequente em mulheres mais velhas. "Normalmente, as mulheres com idade mais avançada, por conta da menopausa, são as que sofrem mais com o olho seco. É que nessa fase já é comum acontecer uma diminuição do filme lacrimal, ressecando os olhos de forma espontânea", frisou.
A aposentada Dulce Bezerra, 63, já sofre com o olho seco, mas confirma que o uso da máscara intensificou os sintomas do problema.
"Quando passo muito tempo usando máscara, meus olhos já começam a arder. E meus óculos embaçam muito quando falo e respiro", relata. "Ao longo do dia, sofro com muita coceira, que se intensifica na hora que vou dormir", emenda.
Para amenizar o problema, Dulce usa colírio várias vezes ao dia. Apesar de ser uma das recomendações feitas pelo oftalmologista João Vilaça, ele salienta que o uso do medicamento deve ser feito até quatro vezes por dia. "Também é muito importante utilizar um produto que seja recomendado por um oftalmologista, para que não haja nenhum tipo de reação dos olhos", detalha.
Já o estudante Ernani Tavares, de apenas 19 anos, também sente dificuldades por conta do uso combinado de máscara e óculos. "Meus óculos escorregam sobre a máscara e também costumam ficar embaçados", diz. Segundo ele, não demora muito para que os olhos comecem a apresentar os sintomas do olho seco e com menos de uma hora, o lacrimejamento já começa.
"Uma das coisas que costumo fazer para não sentir tanto os efeitos negativos do olho seco é escolher uma máscara de boa qualidade, que fique bem no rosto", comenta Ernani.
Novamente o médico João Vilaça pontua que a máscara correta é sim capaz de amenizar as irritações. "A máscara deve estar bem ajustada ao rosto. Se ela deixa algumas brechas, é importante vedar esses espaços, e isso pode ser feito com fita adesiva ou esparadrapo", reforça.
"Embora não seja um caso de urgência oftalmológica, não se pode relaxar com o olho seco. É comum que as pessoas cocem os olhos para sentir um alívio imediato, o que não é efetivo nem saudável, porque pode causar lesões e feridas, agravando o problema ocular. Portanto, é fundamental o acompanhamento constante com um oftalmologista para saber a melhor forma de tratar cada problema", finaliza Vilaça.
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