Coronavírus

Biden chega à Europa com promessa de milhões de vacinas para o mundo

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden - Adam Schultz / Casa Branca

Quase cinco meses depois de tomar posse, o presidente Joe Biden chegou nesta quarta-feira (9) ao Reino Unido, primeira escala de sua viagem à Europa, após a divulgação de que os Estados Unidos irão doar 500 milhões de vacinas Pfizer a outros países.

O avião presidencial pousou na base aérea britânica de Mildenhall, leste da Inglaterra, pouco após as 18h30 GMT. Biden deve discursar esta noite para integrantes da Força Aérea americana no local. Para amanhã, está prevista uma reunião com premier britânico, Boris Johnson.

Acompanhado da primeira-dama, Jill Biden, o presidente democrata participará de sexta-feira a domingo da reunião de cúpula do G7 no sudoeste da Inglaterra. Na pauta do encontro, estão a pandemia de Covid-19 e as mudanças climáticas. Segundo o "New York Times" e o "Washington Post", Biden deve anunciar no evento que os Estados Unidos irão comprar 500 milhões de doses da vacina Pfizer para distribuí-las a outros países.

Muito criticada pelo atraso no compartilhamento de vacinas com o mundo, a Casa Branca tenta, agora, assumir a dianteira na questão. "Os Estados Unidos se comprometeram a trabalhar na imunização internacional com o mesmo senso de urgência demonstrado em casa", afirmou Biden.

Rainha e Putin 
No domingo, após a reunião do G7, Biden será recebido pela rainha Elizabeth II no castelo de Windsor. Ele seguirá depois para a Bélgica, onde terá vários encontros bilaterais. 

"Minha viagem à Europa é uma oportunidade para que os Estados Unidos mobilizem as democracias do mundo", declarou Biden, que repete desde sua posse que os "Estados Unidos estão de volta" ("America is back") e pretende ter uma participação ativas nas questões mundiais. 

Após o mandato de Donald Trump, no entanto, os aliados "receberão as palavras tranquilizadoras com um pouco de ceticismo", destaca Suzanne Maloney, do centro de estudos Brookings, com sede em Washington. "A vontade de Biden de reconectar com eles terá que superar não apenas as cicatrizes dos últimos quatro anos, mas também as perguntas sobre a saúde da democracia americana", escreveu.

O destaque dessa primeira viagem de Biden será uma reunião em Genebra com o presidente russo, Vladimir Putin, prevista para o dia 16. "O objetivo da viagem é deixar claro para Putin e a China que a Europa e os Estados Unidos são aliados próximos", assinalou o presidente americano.

"Ele se prepara para isso há 50 anos", afirmou sua porta-voz, Jen Psaki, em referência à longa carreira política do presidente, 78 anos, que foi eleito para o Senado pela primeira vez em 1972. "Ele conhece alguns desses dirigentes, entre eles o presidente Putin, há décadas", completou. 

Com assuntos como Ucrânia, Belarus, o destino do opositor russo detido Alexei Navalny e os ciberataques, os debates devem ser duros e difíceis. A segurança cibernética será "um assunto de nossa discussão", afirmou Biden, antes de iniciar a viagem.

A Casa Branca, que alterna mensagens conciliadoras e advertências, insiste que suas expectativas são modestas. O único objetivo antecipado é tornar as relações entre os dois países "mais estáveis e previsíveis". 

"O problema é que Putin não quer necessariamente uma relação mais estável e previsível", afirma Alexander Vershbow, ex-diplomata americano ex-número dois da Otan. 

A presidência americana revelou poucos detalhes sobre o encontro com o presidente russo. Apenas deu a entender que, ao contrário do que aconteceu com Trump em Helsinque em 2018, não está na agenda uma entrevista coletiva conjunta.

Em um tema mais leve, antes de embarcar Biden pediu aos jornalistas para "prestar atenção nas cigarras", os insetos que atualmente invadem os Estados Unidos, depois que um deles posou em seu cotovelo segundos antes. 

Nesta terça-feira, outro avião que deveria transportar repórteres da Casa Branca para a cobertura da viagem atrasou a decolagem porque uma nuvem de cigarras invadiu seus motores.