COVID-19

Sobe para dez o número de capitais com mais de 90% de UTIs para Covid ocupadas

Pernambuco permanece em situação bastante crítica. Há mais de três meses, a taxa de ocupação de UTIs está acima dos 90%

Leitos de UTI neonatal em Araripina - Divulgação SES-PE

A pressão na demanda por leitos para pacientes com Covid-19 fez com que subisse para dez o número de capitais em situação crítica, com ocupação acima de 90% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no sistema público de saúde.

O crescimento da procura por leitos acontece em meio a um cenário de aumento de registro de infectados pelo coronavírus e vacinação em ritmo lento. Para piorar, aglomerações ocorreram em diversas cidades durante o feriado de Corpus Christi, o que deve agravar ainda mais o cenário em breve.

Uma das capitais em situação de colapso, Curitiba registrou na última segunda-feira (7) uma ocupação de 102% dos leitos de terapia intensiva. Vagas improvisadas foram criadas para atender a pacientes graves com a Covid-19.

Em todo o estado do Paraná, a ocupação de UTIs continua acima de 95%, mesmo com a criação de 26 novas vagas na última semana. A fila de espera por esse tipo de leito é a maior do Brasil, segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo, e tem 639 pacientes.

Mesmo com os hospitais lotados, parte da população segue ignorando os protocolos para redução dos casos da Covid-19. A Polícia Militar do Paraná teve que dispersar 770 aglomerações durante o feriado de Corpus Christi. Apenas em Curitiba, foram 97 ações policiais.

Também houve flexibilização da abertura de atividades econômicas na capital paranaense após a pressão de empresários. Desde 29 de maio, o comércio local só podia funcionar para entrega e retirada e apenas os serviços essenciais podiam atender normalmente. Porém, diante da proximidade do Dia dos Namorados, a prefeitura decidiu abrandar as medidas a partir desta quarta-feira (9).

Segundo o prefeito Rafael Greca (DEM), a queda do fator de transmissão do vírus e a diminuição no número de internamentos levaram ao novo decreto. "Esperamos que tenha sido essa bandeira vermelha a última dessa longa provação, mas não hesitarei de fazer nova bandeira vermelha se for necessário porque nosso principal objetivo é salvar vidas", disse.

O governo do Paraná recomendou que quem viajou para Santa Catarina no feriado faça exame para detectar eventual infecção pelo coronavírus, já que as praias catarinenses estão abertas enquanto grande parte do litoral paranaense instalou barreiras sanitárias.

Em Santa Catarina, houve um aumento na taxa de ocupação de UTIs em sete dias, passando de 91% para 95%. Uma alta relevante foi identificada em Florianópolis, onde 67% dos leitos estavam ocupados na semana passada e agora já são 89%.

Durante o feriado, foram divulgados nas redes sociais vários registros de festas e aglomerações na região da capital litorânea.

O cenário também continua crítico em Mato Grosso do Sul, que registrou 108% de ocupação nos leitos para pacientes graves com Covid-19 e teve que adotar medidas extremas como a transferência de doentes para outros estados.

Nesta segunda-feira (7), o estado registrava 293 pacientes graves aguardando por leitos especializados. Ao todo, 16 pacientes de Covid-19 para os estados de São Paulo e Rondônia - dois deles morreram.

Na capital, Campo Grande, a taxa de ocupação continua subindo e chegou a 105%, com 141 pacientes estão na fila de espera.

A prefeitura tem procurado alternativas para conter o avanço da pandemia, como a realização de testes RT-PCR por demanda espontânea para frear o contágio por meio de pessoas assintomáticas.

A situação também é crítica no Nordeste, onde festas de São João foram canceladas pelo segundo ano consecutivo. Seis das nove capitais da região têm ocupação acima de 90%: Aracaju, São Luís, Recife, Natal, Fortaleza e Maceió.

Em Alagoas, que apresentava uma situação mais controlada em relação a outros estados da região, a taxa de ocupação de leitos de UTI para pacientes com sintomas da Covid-19 continua acima dos 90%. Na capital, Maceió, o índice subiu de 89% para 90%.

Pernambuco permanece em situação bastante crítica. Há mais de três meses, a taxa de ocupação de UTIs está acima dos 90%. Nesta segunda-feira, 97% dos 1.750 leitos na rede pública estadual estavam com pacientes (segundo o último boletim enviado pela Secretaria Estadual de Saúde, o número de leitos subiu para 1.765, mas ainda segue com 97% da taxa de ocupação). A fila de espera tem 143 pessoas.

O interior do estado apresenta o quadro mais grave. Em Caruaru, por exemplo, não há vagas disponíveis. Pacientes precisam ser transferidos para hospitais na região metropolitana do Recife.

Na região metropolitana de Natal, a taxa de ocupação de leitos de UTI segue acima de 90%, mas teve uma redução em relação à semana anterior. Em todo o estado do Rio Grande do Norte também, a taxa de ocupação é de 94%. A fila de espera por leitos de UTI no estado tinha 62 pessoas nesta segunda.

Sergipe têm 99% das suas UTIs ocupadas, mesmo patamar registrado na capital Aracaju, e continua em situação crítica desde o fim de abril, com filas de pacientes à espera de vagas. Nesta semana, a rede privada do estado também voltou à ocupação máxima de seus 183 leitos.

Em São Luís, o índice de ocupação de leitos para pacientes graves chega a 97%. Dos 279 leitos de UTI na Grande Ilha, que inclui a capital e mais três cidades vizinhas, 270 deles ocupados.

O quadro segue crítico a despeito do avanço da vacinação na capital maranhense. As cidades da Grande Ilha receberam 300 mil doses extras do Ministério da Saúde após o Maranhão registrar o primeiro caso no país da variante indiana. Nesta quinta-feira (10), São Luís começa a vacinar pessoas com 36 e 35 anos.

Estado do Nordeste com situação menos grave, a Paraíba também acendeu o sinal de alerta ao alcançar uma ocupação de 80% das UTIs. No início do mês, o governador João Azevêdo (Cidadania) publicou um novo decreto com medidas de restrição tentando frear o avanço da transmissão no estado, recomendando o fechamento de praias, parques, praças e proibindo a abertura de museus, cinemas, circos e teatros.

Entre as capitais do Sudeste, o Rio de Janeiro registra o cenário mais crítico. Com quase todas as atividades liberadas, a cidade tem uma ocupação de UTIs acima de 90% há mais de três meses.

A cidade é uma das escolhidas como sede da Copa América de futebol, prevista para começar na próxima semana. As outras sedes são Cuiabá, Goiânia e Brasília, que também estão em estado de alerta por causa da alta ocupação de leitos.

Goiânia voltou a apresentar aumento na ocupação de leitos de UTI nesta semana, com 83% das vagas em uso, ante as 78% registradas na semana anterior. Já em Cuiabá, capital de Mato Grosso, a ocupação dos leitos apresentou recuo nesta semana, de 97% para os atuais 87%.

No Distrito Federal, a taxa de ocupação estava em 87% no início desta semana, chegando a 91% quando considerados apenas os leitos para adultos. Ao menos sete hospitais púbicos estavam com taxa de ocupação de 100%.

Na cidade de São Paulo, que chegou a ser cotada para ser uma das sedes do torneio sul-americano, mas declinou, o nível de ocupação de leitos se manteve em 80% ao longo da última semana.

No estado, onde foram instalados 216 novos leitos ao longo da última semana, 82% dos leitos para pacientes graves estão ocupados. São ao todo 11.089 pacientes internados em UTIs com Covid-19.

Na segunda-feira, oito das 22 diretorias regionais de saúde do estado -Marília, Presidente Prudente, Barretos, Ribeirão Preto, Registro, Sorocaba, Franca e Bauru - estavam com a ocupação na UTI acima de 90%. Os dados são SP Covid-19 Info Tracker, da USP e da Unesp.

O governo João Doria (PSDB) recuou na flexibilização das regras de isolamento social e prorrogou a fase de transição do Plano São Paulo até o dia 14 de junho. Ainda assim, foram registradas aglomerações durante o feriado em cidades como Franca e Campos do Jordão.