'O último jogo' brinca com rivalidade entre Brasil e Argentina no futebol
Filme é adaptação de um romance do escritor chileno Hernán Rivera Letelier
A paixão em comum pelo futebol é o principal motor da anedótica rivalidade entre Brasil e Argentina. Transportada para a fronteira entre os dois países, a disputa em campo é o que movimenta a trama do filme “O último jogo”, disponível nas plataformas digitais Now, VivoPlay, Sky, Looke e Belas Artes a La Carte, a partir desta sexta-feira (11).
Com direção de Roberto Studart, o longa-metragem apresenta ao público um universo próprio, que bebe de elementos do realismo fantástico latino-américano. No enredo, duas cidades fictícias separadas por apenas 9 km alimentam um antagonismo que transcende os níveis normais.
O vilarejo de Belezura, no lado brasileiro, está prestes a virar um território fantasma. Com o fechamento da sua única fábrica, o local deve perder sua principal fonte de empregos. O que realmente tira o sossego dos seus moradores, no entanto, é a possibilidade de perder a última partida de futebol contra os arquirrivais argentinos de Guapa. Para que isso não ocorra, eles resolvem apelar para os mais diferentes recursos.
“É uma rivalidade super divertida. Existem diferenças entre os dois lados, mas também muitas semelhanças. Nossas culturas conversam muito e o filme também traz isso. O técnico do time brasileiro, por exemplo, é um argentino. Os dois povos são meio marrentos e picaretas. Essa é uma comédia cheia de metáforas e que brinca com as questões culturais de forma poética e subjetiva”, aponta o diretor.
Escrito por Studart e Ecila Pedroso, o roteiro é baseado no romance “El Fantasista”, do chileno Hernán Rivera Letelier. Os brasileiros precisaram fazer diversas mudanças na hora de adaptar para as telas a obra literária, que originalmente é ambientada no Deserto do Atacama, no Chile. O diretor revela que conheceu o livro em 2009, mas levou alguns anos para acreditar que ele poderia ser transformado em filme.
“O texto é difícil de ser adaptado, porque ele é contado em fragmentos de memória. Também há muitos personagens, que aparecem em uma ou duas páginas e depois somem. A gente precisou fundir muitas dessas figuras e criar outras. Ao mesmo tempo, queria recriar aquele ambiente meio perdido no tempo, com suas próprias características, só que na Serra Gaúcha. Foi um verdadeiro quebra-cabeça”, revela.
Filmado no final de 2017, o longa teve suas cenas rodadas nas cidades de Monte Belo do Sul e Santa Tereza, no Rio Grande do Sul. O envolvimento dos residentes nas gravações é uma das principais lembranças de Studart. “Quando chegamos lá, descobrimos que existia um campeonato de várzea muito popular e que as pessoas eram fanáticas por futebol. Então, pegamos os jogadores dos times locais e os colocamos na figuração. Isso trouxe uma veracidade incrível para o filme e mudou a rotina do lugar”, relembra.
A escalação do elenco priorizou atores que tivessem alguma familiaridade com o futebol. Um dos destaques é o pernambucano Bruno Belarmino. Ele interpreta O Fantasista, um forasteiro com uma incrível habilidade com a bola no pé, que surge na cidade como promessa de salvação para o time local. Para isso, no entanto, ele precisa ser convencido a permanecer no vilarejo.
“Uma das maiores surpresas que a gente teve no filme foi o Bruno. Mesmo tendo um outro histórico de papéis, ele conseguiu fazer um personagem muito sensível, com uma entrega fantástica e intensidade nas cenas”, aponta. Completam a lista de atores nomes como Pedro Lamin, Betty Barco, Norberto Presta e Juliana Schalch.