Fiuk lança clipe ao lado de Gil e Lumena e diz não saber opinar sobre política
Cantor não conseguiu comprar de volta guitarra vendida para pagar contas na pandemia
"Não, pelo amor de Deus, não dá, não é possível, tem que ser esse ano", promete Fiuk.
Não é só a bandana dobrada na testa que une o filho de Fábio Jr. a Axl Rose, vocalista do Guns N' Roses. Já faz quase uma década que o cantor e agora ex-BBB anuncia que vai lançar um novo disco, parecido com o que o Guns fez com o seu último álbum de estúdio, anunciado pela primeira vez nos anos 1990 e lançado só em 2008.
Ao contrário de "Chinese Democracy", o novo trabalho de Fiuk ainda não saiu –além de ter um nome mais singelo e menos político. O álbum deve se chamar "Amor". Sem dar mais detalhes sobre datas, o músico se compromete a lançar o trabalho ainda neste ano.
"Tem mais um ou dois singles antes, mas tem disco vindo. Nossa, depois de muito tempo", diz ele. "É uma lenda já esse CD, deve ter uns oito anos que falo que vou lançar e nunca lanço. Você não tem noção. Se você entrar no meu Twitter, todo ano eu falo 'esse ano eu vou lançar!' e eu não lanço. Nossa, eu preciso urgente lançar esse CD. Acho que vai ser 'Amor'."
Enquanto "Amor" não chega, Fiuk lança um single, "Big Bang". Com macacão de astronauta, o cantor estreia o clipe da música no YouTube nesta sexta-feira. "É uma música muito bem humorada. Tem umas sacadinhas na letra, que fala sobre universo, 'pego a nave e vou aí te ver'. Eu sou suspeito, cara, mas é uma música muito fofa. É a primeira vez que eu faço uma coisa tão lúdica, tão leve, é muito legal."
Ele discorre sobre suas referências. "Eu gosto muito de John Mayer, tenho o rock de alguma maneira na minha vida há muitos anos e eu gosto muito de pop, é inegável. Até meu pai mesmo, gosto muito do trabalho dele. Então tem uma mistura aí. Normalmente, eu tenho letras um pouco mais quentes ou um pouco mais dramáticas. Essa é a primeira que eu resolvi brincar um pouco mais, sabe?"
Sobre o disco vindouro, Fiuk diz que o cerne será o pop, "que é o que eu sou de fato", diz. "Esse suíngue às vezes com essa veia brasileira, com uns acordes de MPB no meio."
Ele, que durante o confinamento no BBB virou meme e assunto de fios no Twitter por repetir que era branco e privilegiado, chamou três celebridades negras para o clipe de "Big Bang". Além dos colegas de BBB Gilberto Nogueira e
Lumena Aleluia, também participa do vídeo a atriz Dandara Mariana, que contracenou com Fiuk na novela "A Força do Querer".
Segundo ele, não foi uma busca consciente de apoio ao movimento de representatividade negra. "Eu não parei para pensar nisso. A Dandara eu já conheço tem uns anos, minha amiga, já fiz novela com ela. O Gil, meu parceiraço lá no BBB. E a
Lumena, que a gente teve uma história no começo. E fez muito sentido, você vai ver quando o clipe ficar pronto, você vai entender, você vai falar 'ah, pode crer'."
O repórter pergunta se a campeã do BBB 21, Juliette, não foi convidada para o clipe. Ele ri e responde que "não, ela está muito disputada".
Não há como ignorar a semelhança entre o nome da canção de agora e a sigla do reality show. "Cara, Big Brother é um Big Bang, né. Mas acho que não", diz o cantor, negando que a letra tenha alguma inspiração no programa. Apesar disso, ele assume que o clipe, "por ter o Gil e a Lumena, tem umas cenas engraçadas que lembram algumas coisas que a gente viveu lá dentro".
Isso não quer dizer que Fiuk não se interesse pelas pautas identitárias, tão latentes no mundo de hoje. "Eu sou só um ser humano. Acho que, como ser humano, é legal buscar informação, entender."
Embora não tenha diretamente influenciado na composição, o programa teve impacto na carreira. "Com certeza, o BBB ajudou em vários sentidos, até sobre mim. Me deu um estalo, mexeu muito comigo", diz. "Lá dentro eu entendi tanta coisa, o que eu queria de fato. Enfrentei tantos medos, tantas coisas. Então me deu esse gás, me deu essa certeza que eu precisava. Foi uma loucura lá dentro."
Durante o confinamento no reality show, o cantor disse que a pandemia foi um baque na sua vida. Segundo ele, a crise o fez ter que vender sua guitarra. Mesmo depois do sucesso no Big Brother, não conseguiu comprar o instrumento de volta.
"Mas graças a Deus consegui acertar as minha continhas", afirma.
A história da guitarra rendeu críticas de que Fiuk não teria muita noção da posição privilegiada que ocupa, em meio a uma tragédia generalizada que atinge o setor cultural. "É difícil falar de privilégio. Eu me sinto muito grato por poder trabalhar de alguma maneira num período tão difícil e fico muito triste pela nossa classe toda", diz.
Em tempos de desinformação digital, Fiuk costuma fazer questão de denunciar um erro comum –ele não é filho de Glória Pires. Isso não quer dizer, porém, que a atriz não sirva de inspiração para o ex-BBB. Quando o repórter pergunta sobre como ele vê a atuação do governo Bolsonaro em relação à classe artística, o cantor diz não ser capaz de opinar.
"Eu não tenho propriedade para falar sobre o assunto, não sei como responder essa pergunta." Um posicionamento que o pode situar no vale dos isentões ou até entre os desinformados. Mas, num momento em que delírios maculam carreiras, o silêncio sobre política também pode levantar suspeitas de sensatez.