Sport

Oposição promete entrar na Justiça para fazer com que Conselho do Sport respeite estatuto

Candidatos derrotados no pleito passado contestam indicação de interino para comandar clube por 90 dias e reforçam pedido de eleição diretas

Sport vive momento político conturbado após a renúncia de Milton Bivar - Paullo Allmeida

Candidatos derrotados na última eleição para presidente do Sport, realizada em abril deste ano, prometeram entrar na Justiça para fazer com que o Conselho Deliberativo (CD) do clube convoque novas eleições diretas no prazo de 15 dias, conforme diz o estatuto. Na última terça-feira, Milton Bivar e Carlos Frederico oficializam a renúncia dos cargos de presidente e vice do Rubro-negro, esquetando dos bastidores políticos da instituição. 

A intenção dos então postulantes à cadeira principal do executivo surge após o CD indicar, em reunião na última quarta-feira, o atual mandatário do órgão, Pedro Lacerda, para comandar o Sport provisoriamente por 90 dias até que seja convocado o novo pleito, contrariando o regimento rubro-negro. No encontro, que ocorreu de forma virtual, no entanto, não ficou definido se a eleição acontecerá de forma direta (com participação dos sócios) ou indireta (apenas com conselheiros), com isso devendo ser definido na segunda-feira. 

"Não respeitaram os 116 anos de vida do Sport, as pessoas que deram a vida ao clube. Histórias lindas foram rasgadas. Não respeitaram o sócio, o estatuto, a torcida. Estão querendo uma monarquia no Sport. Vamos entrar na Justiça. Nossos advogados estão reunidos neste momento e vamos contestar já o que aconteceu ontem. Existem milhões de torcedores sofrendo com a atual situação. É preciso, urgentemente, fazer o clube voltar a ser do povo, do seu sócio, e não de grupo apenas", clamou Nelo Campos, que disputou a eleição para o biênio 2021/2022 pela chapa Sport na Raça.

O mesmo pretende fazer Eduardo Carvalho, líder da então chapa “Uma Razão Para Viver”. "Se eles tentarem uma eleição indireta, nós vamos para a Justiça", disse. “Querem dar ares de legalidade, mas o Conselho não tem poder para evitar uma votação direta. Por que o Sport não pode ter um novo processo eleitoral? Qual o trauma? Um trauma só vem de uma ditadura, um golpe, como fizeram ao adiar as eleições e como querem fazer agora", disparou Eduardo, também deixando claro ser a favor de eleições virtuais. 

“O bom senso pede uma eleição virtual. Ela custa R$ 60 mil para ser implantada. O clube não tem esse dinheiro? Eu mesmo já me ofereci a ajudar com uma parte anteriormente, mas não quiseram. O que o Sport fez com os R$ 11 milhões que recebeu de cota? Não tem dinheiro para a tecnologia, mas tem para Trellez, para renovar Thiago Neves?”, questionou. “Em 30 dias, nós conseguiríamos fazer uma eleição remota. Caso contrário, podemos fazer presencial, com as medidas de segurança necessárias, como foi da outra vez. Mas o que não pode é ficar sem eleição direta".

Também procurado pela Folha de Pernambuco, Delmiro Gouveia, que disputou o último pleito pela chapa Juntos pelo Sport, criticou a decisão do Conselho Deliberativo de nomear um presidente provisório por 90 dias até serem convocadas novas eleições. “É uma decisão arbitrária, um golpe na instituição Sport Club do Recife, emanados por pessoas que são desprovidas de interesse de ajudar o clube, que querem se perpetuar no cargo e deles tirarem proveito”, bradou Delmiro, que ainda analisa junto a sua equipe jurídica se acionará a Justiça para fazer com que o estatuto do clube seja respeitado pelo Conselho Deliberativo. 

Após a reunião que o indicou como presidente interino do Sport, nesta quarta-feira, Pedro Lacerda não mencionou ter ocorrido ilegalidade e explicou como ocorreu o processo. Integrantes do Conselho Deliberativo consideram impossível realizar eleição em 15 dias."O plenário do Conselho entendeu que o clube não poderia ficar acéfalo e, juridicamente, existe atribuição para agir. Como eu estava no posto de presidente do Deliberativo em exercício, fui colocado no Executivo por enquanto. Gustavo (Oticica, vice do CD) assume interinamente minha vaga”. 

No pleito de abril, Bivar ganhou de forma apertada do segundo colocado, Nelo Campos, com diferença de apenas 38 votos - a vitória com a menor margem de diferença na história do Leão. A eleição, que deveria ocorrer em 18 dezembro, só foi realizada no dia 9 de abril após sofrer adiamentos. Torcedores e candidatos da oposição chegaram a pedir que o novo chefe do Executivo fosse conhecido de forma remota, a fim de agilizar o processo eleitoral, o que foi descartado pela atual gestão.