Bolsonaro agora diz que caixa-preta do BNDES nunca existiu
A 'abertura da caixa-preta' do BNDES era uma das principais promessas do então candidato Bolsonaro na área de economia durante a eleição
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta quinta-feira (17), que não existiu uma "caixa-preta no BNDES" (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) -termo usado para acusações de irregularidades na instituição durante os governos do PT.
"Não é caixa-preta aquela lá, tudo foi aprovado por alteração de Medidas Provisórias. Não foi caixa-preta na verdade, tá aberto aquilo lá. Eu também pensava que era caixa-preta. Está aberto no site do BNDES, os empréstimos todos para os outros países aí", disse Bolsonaro, ao ser questionado na saída do Palácio da Alvorada por um apoiador.
A fala foi transmitida por um site bolsonarista.
"Eu até falei outro dia, alguns me criticam que eu estou concluindo obras do PT. Agora, o PT não deixou obras inconclusas fora do Brasil", acrescentou.
A "abertura da caixa-preta" do BNDES era uma das principais promessas do então candidato Bolsonaro na área de economia durante a eleição. O político costuma apontar problemas em empréstimos do banco para países como Cuba e Venezuela. O presidente havia prometido, inclusive, "abrir a caixa-preta" do BNDES na primeira semana de governo.
"Firmo o compromisso de iniciar o meu mandato determinado a abrir a caixa-preta do BNDES e revelar ao povo brasileiro o que feito com seu dinheiro nos últimos anos. Acredito que este é um anseio de todos", escreveu Bolsonaro no Twitter, em novembro de 2018.
O BNDES chegou a gastar R$ 48 milhões em relatório de investigação externa referente a operações entre o banco e as empresas JBS, Bertin e Eldorado, entre os anos de 2005 a 2018. A auditoria não encontrou indícios de corrupção em oito operações investigadas.
O banco divulgou em dezembro de 2019 que o relatório indicou que não foram encontradas evidências diretas de corrupção, influência indevida sobre a instituição ou pressão por tratamento diferenciado na negociação, aprovação e/ou execução das oito operações investigadas.
Na ocasião, o BNDES divulgou que entregou a íntegra da auditoria, que não é pública, para a Procuradoria-Geral da República. O resumo do relatório foi disponibilizado no site do banco e tem oito páginas.
Quando assumiu o banco, o atual presidente do BNDES, Gustavo Montezano, prometeu "explicar a caixa-preta do BNDES para a população brasileira". Ele entrou no lugar de Joaquim Levy, que pediu demissão no mês anterior, após não conseguir abrir a tal caixa-preta da instituição.