Literatura

"A Estrada Amarela" é novo livro de contos de Filipe Falcão

Livro reúne 11 contos fantásticos e de mistérios, ambientadas em diferentes cidades do Sertão de Pernambuco

Filipe Falcão lança - Gustavo Bettini/Divulgação

De Guimarães Rosa a João Cabral de Melo Neto, passando por Ariano Suassuna, alguns dos grandes autores brasileiros já reimaginaram o Sertão em suas histórias, seja como paisagem ou como mais um dos personagens. O fato é que existe uma aura magnética e misteriosa em torno da Região.

Esse fascínio inexplicável foi o que motivou o jornalista e escritor recifense Filipe Falcão a escrever o livro de contos fantásticos "A Estrada Amarela" (Editora Estronho). O livro reúne 11 contos fantásticos e de mistérios, sempre com um elemento em comum: todas as histórias são ambientadas em diferentes cidades do Sertão de Pernambuco.

Sertão foi intuitivo

“Por acaso, quando eu resolvi sentar pra escrever o primeiro conto, ele foi para o Sertão e, aí, os outros, meio que foram se desenrolando por ali também, quando eu vi já tinha essa estrutura na cabeça”, disse Filipe. “Mas é um local que eu gosto muito, sou um grande admirador, então foi uma escolha natural”, completou o fã e pesquisador do cinema de horror, que já lançou livros como "Fronteiras do medo: quando Hollywood refilma o horror japonês" (2015) e "A aceleração do medo: o fluxo narrativo dos remakes de filmes de horror do século XXI" (2018). 

Capa de "A Estrada Amarela"

Paisagens isoladas foi proposital.

Ao longo das narrativas, somos levados a viajar por 11 diferentes paisagens da região pernambucana. “Eu queria que fossem cidades pequenas, que tivessem uma população menor, para passar a ideia de isolamento no livro."

"Então, queria ambientar os personagens em casas isoladas ou cidadezinhas”, explicou. Além disso, o autor conhece a maioria das cidades do livro, o que ajudou na construção dos relatos. “Também quando eu pensava em alguma cidade, ia pesquisar quantos moradores tinha, como ela é”, detalhou Falcão, que também é professor nos cursos de Comunicação da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e na Uniaeso. 

Estudioso e entusiasta da sétima arte, Filipe traz referências do cinema em seus contos e na maneira de construir suas narrativas, elaborando os textos como se fossem storyboards das histórias. “É claro que teve cinema no meio  porque eu gosto de um tipo de filme, o de terror, que dá inúmeras possibilidades de leitura, então pode ter aquele que é violência gratuita, banho de sangue, mas tem outros que trabalham muito com o sutil, um medo mais silencioso”, detalhou.

Vânia Notaro assina as ilustrações do livro

Cuidado na criação

Acompanhando cada conto, uma ilustração da artista plástica pernambucana Vânia Notaro, com 40 anos de atuação e também apaixonada pelo Sertão. “O que me fez chegar até ela foi a paixão pelo Sertão, o trabalho dela é muito plural”, explicou. As ilustrações ajudam o leitor na imersão das histórias.

“Eu tive um cuidado muito grande na hora de criar os personagens, por exemplo, eu não queria que eles fossem todos iguais, porque quando você vai pro cinema de terror, de uma maneira geral, você tem ainda os arquétipos dos jovens, brancos e eu quis brincar um pouco com isso”, continua.  Entres os personagens dos contos de “A Estrada Amarela” se encontram um senhor, uma mulher divorciada, uma mulher de meia idade vítima de violência doméstica, um casal homossexual formando uma pluralidade de vozes, que subvertem a lógica das narrativas consagradas do cinema de terror e horror.

Serviço

A Estrada Amarela – R$ 39,90

Na Amazon, Americanas e no site da editora Estronho ou no perfil do instagram do autor: @filifalcao