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Se Congresso aprovar voto impresso, Guedes vai ter que arranjar verba para implantar, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e Paulo Guedes, ministro da Economia - Júlio Nascimento/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta terça-feira (22) que o ministro da Economia, Paulo Guedes, terá que arrumar dinheiro para a implementação do voto impresso em 2022, caso a PEC (proposta de emenda à Constituição) que está na Câmara seja aprovada.

"A democracia não tem preço. Sempre me falaram isso. Então, tenho certeza, pela primeira vez, vou falar que o Paulo Guedes vai cumprir uma ordem minha, porque sempre eu discuto com ele. Paulo Guedes, se passar, você vai arranjar o recurso para que o voto auditável seja uma realidade em 2022. Tá ok, PG?", disse Bolsonaro dirigindo-se a Guedes por seu apelido, durante cerimônia de lançamento de nova edição do Plano Safra, no Palácio do Planalto.

A estimativa do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é que a implementação do voto impresso custaria R$ 2 bilhões.

Ao falar em direção ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Bolsonaro disse que, "se a Câmara e o Senado aprovarem esta PEC e ela for promulgada, nós teremos voto impresso em 2022".

Com o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao tabuleiro eleitoral, Bolsonaro voltou a insistir, sem apresentar provas, que houve fraude nas eleições de 2014 e 2018.

Em várias oportunidades, Bolsonaro também tem desafiado o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, contrário à implementação do voto impresso.
Na segunda-feira (21), o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luis Felipe Salomão, deu 15 dias para que Bolsonaro apresente as provas que diz ter sobre uma suposta fraude no sistema eletrônico de votação nas eleições de 2018.

No TSE, a avaliação é que é improvável que seja imposta alguma sanção a Bolsonaro caso ele não responda à notificação para que apresente provas. No entanto, nesse cenário, o tribunal ganhará mais um argumento em favor da lisura do sistema eletrônico de votação.

Na cerimônia Lira disse acreditar que não será possível aprovar a PEC na Câmara e no Senado até o final deste semestre, mas que há possibilidade de viabilizá-la a tempo de o voto impresso ser implementado nas próximas eleições.

"Se for aprovado a tempo, não tem por que não ser, né?", disse Lira, que afirmou que uma PEC que está no Senado pode ser usada como atalho para dar celeridade à proposta.

"Lembre-se que tem uma PEC já aprovada na Câmara desde 2015, que está no Senado e pode ser inclusive um caminho mais rápido pra este assunto."

A cerimônia de lançamento do Plano Safra 2021/2022 também marcou a volta do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a eventos públicos no Palácio do Planalto.

Ele havia submergido desde que se tornou alvo de uma operação da Polícia Federal, que apontou operações financeiras suspeitas de Salles a partir do escritório de advocacia que ele tem em sociedade com a mãe, durante o período em que exerce o cargo de ministro e em meio a suposta prática de crimes na exportação de madeira ilegal.

"Parabéns a Ricardo Salles. Não é fácil ocupar o seu ministério", disse Bolsonaro em um discurso que também teve elogios ao ex-chanceler Ernesto Araújo.

Em determinado momento da cerimônia, o presidente pediu que a deputada Aline Sleutjes (PSL-PR), presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, desse um abraço em Allyson Paolinelli, presidente-executivo da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho).

"Tem muita gente invejando o Allyson aí", disse Bolsonaro sorrindo, antes de gritar um "ihu!".

Depois, ao elogiar Lira, disse que formava com ele "heteramente um casal".

"Eu costumo sempre dizer: não são dois Poderes. São dois, Arthur. O Judiciário e nós para o lado de cá. Porque nós formamos heteramente um casal."

Bolsonaro encerrou sua fala dizendo "vamos tocar esse barco para frente, que a vitória é nossa."