Jazz

Amaro Freitas celebra a ancestralidade do povo negro no álbum 'Sankofa'

Pianista evoca memórias, cultura, legado e símbolos dos seus antepassados em dez faixas

Amaro Freitas lança novo single - João Vicente/Divulgação

O pianista pernambucano Amaro Freitas, revelação do jazz brasileiro contemporâneo, lança nesta sexta-feira (25) seu terceiro disco. Produzido com patrocínio do projeto Natura Musical, “Sankofa” é uma celebração à ancestralidade do músico, que mergulha nas memórias do povo negro neste novo trabalho.

A criação do álbum está diretamente ligada à passagem de Amaro pelo Harlem, bairro de Nova York conhecido por ter dado voz a grandes pianistas do jazz e ter como ícone cultural o Apollo Theater. Foi lá que o artista encontrou à venda, em uma feira africana, uma bata com a imagem de um pássaro com a cabeça voltada para trás. Ao ideograma, que integra o Adinkra - conjunto de símbolos ideográficos dos povos acã, da África Ocidental -, é dado o nome de Sankofa.

“Com este álbum, quero trazer a memória de quem somos e homenagear bairros, nomes, personagens, lugares, palavras e símbolos que vêm de nossos antepassados. Eu quero comemorar de onde viemos”, afirma Amaro.

Negritude e legado

Realização da 78 Rotações Produções, traz o pianista acompanhado por Jean Elton (baixo) e Hugo Medeiros (bateria). Em oito faixas, o trio homenageia personagens, histórias e legados importantes para a população negra brasileira em diversas épocas.

“Baquaqua”, por exemplo, faz referência ao africano Mahommah Gardo Baquaqua, que foi trazido para o Brasil como escravo, mas conseguiu fugir para os Estados Unidos e publicar sua autobiografia. Já “Nascimento” destaca a admiração do pernambucano pelo músico Milton Nascimento, descrito por ele como “amor, leveza, arte e memória”.

Gravado no Recife, “Sankofa” levou cerca de três anos para ser concluído. O trabalho chega após os sucessos de “Sangue Negro” (2016) e “Rasif” (2018), que projetaram Amaro para o mundo. Parceiro de artistas como Lenine, Criolo e Milton Nascimento, o pernambucano conquistou os festivais europeus e a crítica internacional com sua música.