Meio ambiente

Novo ministro alia área do agronegócio com questão ambiental, diz Mourão após Leite cancelar reunião

Antes de ingressar no governo Bolsonaro, Joaquim Pereira Leite era conselheiro da SRB (Sociedade Rural Brasileira)

Vice-Presidente da República, Hamilton Mourão - Bruno Batista /VPR

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou, na manhã desta sexta-feira (25), que o novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite, tem capacidade para equilibrar a pauta do agronegócio com proteção ambiental.

"Vejo a capacidade dele de saber equilibrar as coisas entre aquilo que são as necessidades do meio rural e as necessidades de proteção do meio ambiente. Acho que ele tem essa capacidade", disse Mourão, ao chegar ao gabinete da vice-presidência, em Brasília.

Antes de ingressar no governo Bolsonaro, Leite era conselheiro da SRB (Sociedade Rural Brasileira).

Mourão comanda o Conselho da Amazônia, órgão responsável por coordenar o combate a ilícitos ambientais no bioma. Ele afirmou na quinta (24) que teria uma primeira reunião com Leite nesta sexta, mas o encontro foi adiado.

"O ministro pediu mais uma semana para ele tomar pé da situação. O Joaquim é o coordenador da comissão de preservação do Conselho [da Amazônia], então ele tem trabalhado bastante com a gente. É um cara que alia o conhecimento da área do agronegócio com a questão ambiental, acho que vai fazer um excelente trabalho. Mas ele pediu mais uma semana porque eu acho que o negócio aterrissou em cima dele meio de supetão assim", afirmou Mourão.

 



Leite assumiu o ministério após o pedido de demissão de Ricardo Salles, um dos principais expoentes da ala ideológica do governo Jair Bolsonaro.

Leite passa a conduzir um ministério desestruturado por seu antecessor e com um corpo técnico rompido com o comando da pasta. Também chega à Esplanada sem apoio no Congresso ou na ala ideológica do governo, no momento em que Itamaraty e o Ministério da Agricultura atuavam para alijar Salles das negociações internacionais do Brasil na área ambiental.

O Brasil está sob forte pressão internacional pelo aumento do desmatamento na Amazônia e pela hostilidade de Bolsonaro aos movimentos indígena e ambientalista.

Maio foi o pior mês de avisos de desmatamento na Amazônia nos últimos anos, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). No período, foram emitidos alertas em uma área correspondente a 1.391 km².
Nesta sexta, Mourão disse avaliar que Salles pediu para deixar a Esplanada "para preservar até o próprio governo".


O ex-ministro é alvo de investigação da Polícia Federal por suspeita de ligação com um esquema de contrabando internacional de madeira.

O vice disse ainda que espera dados melhores em junho em relação à preservação.

"Acho que até nós tivemos resultados melhores agora em junho. Ontem eu recebi o relatório, tivemos redução de quase 6% no desmatamento, também das queimadas. Pessoal que está no campo está trabalhando, ainda estou com a esperança que a gente atinja até o final do mês que vem aquele objetivo dos 15% de redução [no desmatamento]".


Diante do avanço do desmatamento, Bolsonaro deu luz verde para a renovação da operação GLO (Garantia da Lei e da Ordem) em que militares fazer ações de fiscalização ambiental na Amazônia. Ele afirmou que no momento aguarda liberação dos recursos para dar início à ação.