Música

Pabllo Vittar revisita origens e traz pop nordestino em "Batidão Tropical"

Pabllo Vittar no novo disco - Foto: Ernna Costa/Divulgação

No dia 3 de março de 2019, a cantora Pabllo Vittar conseguiu um feito quase raro no Carnaval do Recife. A multidão que se desloca para os shows do Marco Zero da Cidade mudou a rota e se espremeu para acompanhar o seu show, em um repertório guiado pelo segundo disco, “Não Para Não”.

Naquele momento, a drag queen maranhense já era considerada um dos maiores ícones do pop brasileiro e, mais do que nunca, estava trazendo ritmos nordestinos guiando uma era marcada por turbulência no País. As músicas “Disk Me”, “Buzina”, “Seu Crime” e “Problema Seu”, lançadas meses antes, parecia estar no repertório dos recifenses há anos.

Na noite de São João passado, na última quinta-feira (24), e mais de dois anos de sua passagem icônica pela Capital pernambucana, Pabllo ressurgiu e se reconectou com suas conexões com o Norte e Nordeste ao lançar seu quarto álbum de estúdio, “Batidão Tropical”, em uma ode à música pop que predominou as regiões nos anos 2000. O tecnobrega, o forró romântico e o brega se reuniram em uma produção com três músicas inéditas e seis regravações que influenciaram a carreira da cantora.

“Ama, Sofre e Chora”, “Triste com T” e “A Lua” representam o novo repertório da artista, embalado pelo forró que já era presente em outras produções dela. Entre as outras seis músicas são destaques as regravações de “Zap Zum” e “Bang Bang”, da Companhia do Calypso. Além disso, há uma nova versão de “Ânsia”, que também foi interpretada por Mylla Karvalho à frente do grupo, mas que virou um clássico na voz de Eliza Mell, quando era vocalista da banda Brega.com, no início dos anos 2000.

O disco todo, que tem 23 minutos, é uma conjunção de gêneros regionais que explodiam de Belém ao Recife, mas que flerta com tendências globais da música: canções curtas, estética contemporânea, coreografias virais e videoclipes que vão de referências do K-pop ao pop norte-americano de décadas atrás.

De certa forma, as músicas fazem uma viagem à história de Pabllo, que viveu parte da sua infância no Pará e no Maranhão, em uma época que as divas pop das regiões eram Mylla Karvalho, Joelma e Paulinha Abelha, da banda Calcinha Preta. “Acho muito bom voltar às origens. Eu lembro que na maioria dessas músicas, eu estava me descobrindo, me conhecendo, e como criança viada me sentia muito empoderada com o tecnobrega, a potência da música, o empoderamento”, comentou, em entrevista coletiva de divulgação do disco.

Brega sob holofotes

Em texto nas redes sociais, a cantora Eliza Mell agradeceu a Pabllo por levar o brega ao cenário nacional. “Eu amei a transformação que ela fez na canção. Porém, o que me deixou extremamente encantada e feliz foi que ela preservou a essência dá original da música. A Pabllo gravou um brega, o colocando em lugar de destaque no cenário mundial da música. Onde o brega sempre deveria estar. Fazendo o nosso ritmo ser respeitado, admirado e abrindo uma nova porta para que os fãs dela conheçam o nosso trabalho, disse a pernambucana.

Números do fenômeno Vittar

Com o disco, a cantora já arrematou boas marcas em poucos dias. Foi o álbum brasileiro pop mais bem posicionado no Spotify, garantiu todas as músicas nas plataformas de streaming e, ontem, alcançou o top 10 de álbuns mais escutados no Spotify mundialmente. O levantamento mostra um resultado quase raro para cantores e cantoras em português, mostrando a força do mercado brasileiro, sobretudo, do fenômeno de Pabllo Vittar nas redes.