Ministério da Saúde sempre foi lugar onde a corrupção esteve presente, diz Mourão
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou nesta quarta-feira (30) que a corrupção sempre "andou" dentro o Ministério da Saúde.
A declaração do vice ocorre após acusações reveladas pelo jornal Folha de S.Paulo de que um funcionário do Ministério da Saúde teria pedido propina para fechar contrato com o governo do presidente Jair Bolsonaro para a aquisição de vacinas.
"O Ministério da Saúde sempre foi um lugar onde a corrupção andou lá dentro. E você não consegue da noite para o dia desmanchar uma estrutura que se encontra lá dentro. Eu vejo que isso é de responsabilidade dos gestores, que têm que estar atentos a isso o tempo todo", disse Mourão, ao deixar o gabinete da vice-presidência, nos anexos do Palácio do Planalto.
"Também existe uma Controladoria-Geral da União que tem que estar atenta a determinadas movimentações. Digo isso pela minha experiência: eu fui coordenador de despesas várias vezes, fui secretário de economia e finanças do Exército e da minha sala eu buscava controlar toda as operações de maior vulto que eram realizadas no âmbito do Exército. Então isso é algo que tem que ser feito constantemente".
Apesar da declaração, Mourão afirmou que não tinha conhecimento sobre as supostas irregularidades nas negociações pela compra de imunizantes. "Eu nunca soube de alguma coisa que tivesse ocorrendo lá dentro no Ministério da Saúde. E acredito que o presidente [Bolsonaro], quando tomou conhecimento, ele acionou o ministro –que era o [Eduardo] Pazuello– para que ele investigasse o que estava acontecendo, seria a mesma reação que eu teria".
Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, disse à Folha de S.Paulo que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. A oferta teria partido do diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, em encontro no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, em 25 de fevereiro.
Roberto Dias, exonerado do cargo na noite de terça (29), foi indicado ao cargo pelo líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Sua nomeação ocorreu em 8 de janeiro de 2019, na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Mais cedo nesta quarta, Mourão afirmou não ver espaço para que prospere um pedido de impeachment contra Bolsonaro.
"Acho que não há espaço para prosperar um pedido de impeachment. Estamos a um ano e pouco das eleições. Vamos deixar o processo prosseguir e chegar a outubro do ano que vem para ver o que acontece", disse.
"É um relato, né? Você sabe que esses assuntos não chegam para mim. Só tomo conhecimento pela imprensa. Não tenho como avaliar", disse Mourão, quando instado a comentar a revelação de pedido de propina.