Podcast "O Produtor da Tropicália" traz papo com Manoel Barenbein
Bastidores e curiosidades com quem produziu grandes discos; Redes sociais também ressaltam o movimento
Um burburinho numa época repleta de opressão transformou-se em um barulho estrondoso no cenário musical em meio à década de 1960. Unindo rock, baião, samba, poesia e pensamento crítico, a Tropicália foi mais que um movimento, foi uma revolução na história da cultura brasileira.
Passados mais de 50 anos, o fenômeno do Tropicalismo já foi objeto de muitas pesquisas e estudos. Sabendo disso, o jornalista e pesquisador musical Renato Vieira decidiu realizar um podcast a partir de um ponto de vista ainda não tão explorado. Com o título “O Produtor da Tropicália”, a série de nove episódios convidou o responsável pela produção de discos de grande importância daquele momento, Manoel Barenbein, para protagonizar o roteiro.
Viu o Tropicalismo nascer
Paranaense, Manoel trabalhou em gravadoras e produziu nomes como Toquinho e Chico Buarque. Em 1967, ao ser contratado pela Philips (hoje, Universal), ficou responsável pelos LP’s com as canções selecionadas para o famoso Festival de MPB da TV Record naquele ano. Também tem em seu currículo a produção dos primeiros discos de Gal Costa, além de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes.
Criação e roteirização
Já disponível em todas as plataformas de áudio, sempre às segundas com mais um episódio inédito, o podcast estreou falando sobre o famoso disco “Tropicália ou Panis et Circencis" (Pão e circo, em latim) que reuniu, além dos artistas da Tropicália, as diferentes formas musicais de cada um.
“O plano era dar o holofote e voz a quem esteve tão perto e participou da maior parte do processo. Mostrar estes discos tão importantes para a MPB a partir de um outro olhar que não foi muito explorado”, explicou Renato sobre o convite a Barenbein.
Os outros episódios são baseados nos próprios cantores. O ep sobre Caetano já está no ar. Os próximos abordam as experiências de Manoel nas produções com Gil, Gal, Mutantes, Jorge Ben, Chico Buarque, Maria Bethânia e o último sobre o encontro de João Gilberto com Gal e Caetano, que viraria um disco que ficou arquivado.
“O Produtor da Tropicália”, além de informar sobre o movimento artístico, também revela curiosidades dos bastidores de cada produção. Detalhes que aproximam e registram o que foi vivido. Quando perguntado, Manoel Barenbein relacionou o Tropicalismo a um produto de arte que se faz vivo mesmo após cinco décadas. “Eu estive no lugar certo, na hora certa. Foram momentos incríveis e que servem como inspiração ainda hoje. O podcast traz histórias das gravações, encontro dos artistas, como eram as ideias e ainda faz com que a memória não se perca. Imortaliza”, destacou o ex-produtor.
Tropicalismo nas redes
Surgida em 2017, a página no Instagram @tropicaliaviva veio de um projeto acadêmico da Universidade Federal da Bahia. Comandada pelo estudante Felipe Caetano, hoje, reúne cerca de 123 mil seguidores na rede e esbanja fotos, vídeos, lembranças e muita informação sobre o movimento artístico e político.
“Vi que a página estava crescendo quando, de repente, Caetano Veloso e Gal Costa começaram a seguir e compartilhar as postagens. Uso-a para que as pessoas se aproximem e conheçam o Tropicalismo e, futuramente, ela servir como meu projeto de mestrado”, contou o Felipe.
Buscando propagar ainda mais o conteúdo, a @tropicaliaviva expandiu para outras redes sociais como o Twitter, Facebook, TikTok e, também um site. “Recebo muitos directs e e-mails com bastante conteúdos, fotos, cartazes, memes e depoimentos de quem viveu aquele momento. Administro as páginas sozinho, mas a construção vem de todos que se identificam com a Tropicália”, completou o estudante de Artes.