Ex-coordenadora da Saúde diz à CPI que falas de Bolsonaro atrapalham campanha de vacinação
Francieli Fontana afirmou que fez todos os esforços para ter um programa de imunização de sucesso, mas não teve apoio do governo
A ex-coordenadora do PNI (Plano Nacional de Imunização) Francieli Fontana afirmou à CPI da Covid que largou a coordenação do programa por causa da politização do assunto. Ela citou que o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro teria atrapalhado a efetividade da campanha.
Assista a CPI ao vivo:
Segundo Fontana, é importante que exista uma comunicação única no governo federal, independente do escalão que a pessoa esteja.
É uma opinião pessoal, eu enquanto coordenadora preciso de apoio que seja favorável a fala. Quando ele [Bolsonaro] não fala favorável isso pode trazer prejuízo."
A ex-coordenadora do PNI afirmou que fez todos os esforços para ter um programa de imunização de sucesso. No entanto, não teve apoio do governo.
"Para um programa ter sucesso é necessário ter vacina e campanha publicitária efetiva. Eu não tive nenhum dos dois."
PRESSÃO EM VACINAÇÃO
Fontana afirmou à CPI da Covid que a pressão para incluir grupos prioritários atrapalhou a campanha para a Covid-19.
"Sofrer pressão de todos os segmentos para entrada de grupos trouxe dificuldades para a campanha. Se tivesse vacina suficiente, não precisaria dessa fragmentação", disse Fontana.
Ela afirmou que o plano de operacionalização da campanha, divulgado em dezembro pelo governo, foi feito dentro de uma "lógica técnica", em discussões de grupos de trabalho.
O plano de imunização sofreu diversas alterações que foram vistas com ceticismo por especialistas e pelos próprios membros dos grupos de trabalho do PNI, que suspeitaram de intervenção política.
No começo de dezembro, por exemplo, a Saúde excluiu da versão preliminar do documento a população carcerária. Em janeiro, caminhoneiros foram inseridos nesta lista. (Mateus Vargas e Raquel Lopes)