CUBA

Bolsonaro deveria prestar mais atenção à corrupção que o envolve, diz chanceler de Cuba

No domingo (11), Cuba teve os maiores protestos já vistos nas últimas décadas

Bruno Rodríguez, chanceler de Cuba - Reprodução/Flickr

Bruno Rodríguez, chanceler de Cuba, criticou a atuação do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), na pandemia e em casos de corrupção, e disse que ele deveria cuidar dessas questões em vez de usar os protestos na ilha para tentar desviar a atenção.

"O presidente do Brasil deveria corrigir sua atuação negligente que contribui para o lamentável falecimento de centenas de milhares de brasileiros por Covid e [para] aumentar a pobreza. Deveria prestar atenção a casos de corrupção que o envolvem e não desviar [a atenção] olhando superficialmente para Cuba", escreveu o ministro das Relações Exteriores do país, em um rede social.

No domingo (11), Cuba teve os maiores protestos já vistos nas últimas décadas. Milhares de pessoas foram às ruas por todo o país aos gritos de 'liberdade!' e 'abaixo a ditadura!', para expressar frustração por meses de crise, restrições devido à Covid e o que acusam ser negligência do governo.

Houve repressão aos atos por parte do regime cubano, que diz que os problemas do país são consequência do bloqueio econômico feito pelos EUA. Após os protestos, jornalistas foram detidos e o acesso à internet foi restringido.

 



Bolsonaro fez críticas à Cuba na segunda (12) e aproveitou os atos na ilha para alimentar o discurso do fantasma comunista que, segundo ele, assombra o Brasil. Atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro relaciona uma eventual volta do PT ao poder à instalação do comunismo no Brasil.

"Foram pedir, além de alimentos, eletricidade. Foram pedir... Pediram mais uma coisa. Por último, em quarto lugar, pediram liberdade. Sabe o que eles tiveram ontem? Borrachada, pancada e prisão", afirmou o presidente a apoiadores no Palácio da Alvorada. A declaração foi registrada por um canal bolsonarista.

"O dia de ontem [domingo] foi um dia muito triste, dado o que aconteceu em Cuba. Muita gente acha que a gente nunca vai chegar lá, nunca vai chegar à [situação da] Venezuela, que a gente [nunca] vai ter problemas como estão tendo em outros países por aqui", disse Bolsonaro.

"Tem gente aqui no Brasil que apoia quem apoia Cuba, que apoia Venezuela. Gente que várias vezes foi para Cuba tomar champanha [sic] com Fidel Castro ou foi para a Venezuela tomar uísque com [Nicolás] Maduro. E tem gente aqui que apoia esse tipo de gente. É sinal que eles estão querendo viver como os cubanos, como os venezuelanos", insistiu Bolsonaro.

Mais tarde, em publicação nas redes sociais, o presidente reforçou as críticas ao regime cubano, classificada por ele de "ditadura cruel que por décadas massacra a liberdade enquanto vende pro mundo a ilusão do paraíso socialista". Bolsonaro também expressou "todo apoio e solidariedade ao povo cubano" e desejou que a "democracia floresça em Cuba e traga dias melhores ao seu povo".

Bolsonaro enfrenta suspeitas de que teria sido negligente ao receber denúncias de corrupção relacionadas à compra de vacinas contra a Covid. Seu governo demorou a adquirir imunizantes e ignorou propostas como a da Pfizer. A lentidão na obtenção de vacinas é apontada por especialistas como uma das causas para o alto número de mortes por Covid no Brasil em 2021. A doença já matou 534 mil pessoas no país, sendo que mais da metade dos óbitos ocorreu neste ano.