Quadrinhos

Após nove anos, revista Ragu ganha nova edição

Publicação do selo Cepe HQ reúne trabalhos de 40 quadrinistas

Revista Ragu ganha oitava edição - Divulgação

Referência na publicação de quadrinhos nacionais independentes, a revista pernambucana Ragu está de volta. Após um hiato de nove anos, sua oitava edição chega ao público pelas mãos do selo Cepe HQ. O lançamento está marcado para hoje, às 19h, com uma live transmitida pelo canal da editora no YouTube.

Impulsionados pela necessidade de dar mais visibilidade aos trabalhos de quadrinistas nordestinos, os artistas João Lin e Christiano Mascaro criaram a revista em 2000. A publicação foi ganhando projeção nacional com o passar do tempo e, após algumas edições, passou a receber também colaboradores de outras regiões.

“Naquela época, havia muito mais autores do Sudeste e do Sul sendo publicados. Já existia uma produção muito forte por aqui, mas ela não possuía um canal para circular. A nossa intenção inicial foi ser esse veículo”, conta João Lin, também editor de arte da Folha de Pernambuco. Com a retomada, os jornalistas Paulo Floro e Dandara Palankof se juntam aos fundadores da Ragu como curadores e editores do projeto.

Ao longo de 158 páginas, a nova edição da revista conta com criações de 40 quadrinistas convidados. Além de Lin e Mascaro, nomes como Laerte, Fábio Zimbres, Greg, Luiza Nasser e Samuca assinam as criações. Com capa do artista gráfico alemão Henning Wagenbreth, o livro traz como encarte um pôster que reproduz a ilustração do quadrinista gaúcho Rafael Sica, feita para as folhas de rosto.

O retorno da Ragu leva em consideração as mudanças latentes que o cenário das HQs no Brasil vivenciou nos últimos anos. “O que distingue hoje a nossa cena é a diversidade, em todos os sentidos. Desde quem são os criadores até as estéticas e as abordagens que adotam. Acredito que essa grande miscelânea fique nítida nessa nova edição, sendo um de seus aspectos mais fortes”, aponta Dandara.

Paulo Floro, Dandara Palankof, João Lin e Christiano Mascaro (Foto: Divulgação)

Essa pluralidade demarca bem a seleção dos artistas participantes. Há uma mistura de autores de diferentes gerações, com um número maior de mulheres, negros e pessoas LGBTQIA+. Muitos desses quadrinistas trouxeram assuntos urgentes em seus trabalhos, como racismo, violência policial e feminismo, mas tiveram liberdade criativa para fugir de qualquer pauta predefinida.

“Uma das características editoriais da Ragu é ser bem eclética e não ter nenhum tema definido. Sabemos, no entanto, da necessidade de refletir sobre o momento que estamos vivendo no Brasil hoje. Então, convidamos os artistas a pensarem sobre isso em seus trabalhos. Mas  isso funcionou muito mais como uma provocação do que uma restrição”, explica Lin.

No intervalo de tempo em que a Ragu deixou de circular, outra grande transformação vivenciada pelo setor dos quadrinhos foi o avanço das redes sociais. Segundo João Lin, embora os meios digitais tenham impulsionado o trabalho de muitos autores, o interesse pela produção impressa continua bem vivo. “No mercado dos quadrinhos, ao contrário do que a gente achava, o virtual não acabou com o papel. Na verdade, houve até um crescimento da circulação por meio físico. É a prova de que as duas coisas podem ocorrer em paralelo”, comenta.

Para Dandara, o papel da revista não mudou com o passar do tempo. “A Ragu tem o objetivo de continuar sendo o que sempre foi: uma amostra do que podem alcançar as histórias em quadrinhos, uma das expressões artísticas mais ricas em possibilidades, dentre todas elas”, defende.

Serviço

Ragu 8
Cepe HQ, 158 páginas
Preço: R$ 70