Guedes diz que energia mais cara neste ano evita crise em 2022
O ministro disse que o plano do ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) faz uma redistribuição de energia
O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou, nesta quarta-feira (14), que a adoção das cobranças adicionais nas contas de energia elétrica neste ano antecipou o choque da crise hídrica na economia e evitou uma crise maior em 2022 -ano de eleição-, classificado por ele como "um ano crítico".
Em live promovida pelo jornal Valor Econômico, Guedes disse que o plano do ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) faz uma redistribuição de energia no tempo para evitar uma situação mais grave.
"O ministro Bento preferiu se antecipar e, em vez de deixar chegar o ano que vem, que é um ano crítico, quando aí sim os reservatórios poderiam estar abaixo de 10% e virar uma crise hídrica irrecorrível, aparentemente, o que o ministro nos diz é que usando a bandeira desde já, você faz uma redistribuição da energia de um ano para o outro", disse.
O ministro não explicou o motivo de 2022, ano de eleições presidenciais, ser classificado como crítico.
"Em vez de chegar no ano que vem sem energia, usando recursos de baixo custo neste ano, era melhor acionar a bandeira vermelha ou amarela em alguns ambientes. Você usa um pouco mais de termoelétrica e de energia de combustível mais cara, antecipa um pouco esse choque energético em vez de ter no ano que vem", afirmou Guedes.
Em junho, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) subiu em 52% o valor da bandeira vermelha nível 2, passando a R$ 9,49 por cada 100 kWh (quilowatts-hora consumidos). Segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas), a medida representará um aumento médio de 8,12% na conta de luz.
Na semana passada, reunião da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG) confirmou o reajuste das tarifas das bandeiras de energia. Ficou definido que, por meio de uma consulta pública, a agência irá avaliar um novo reajuste para a bandeira vermelha patamar 2.
A elevação de custos da energia elétrica está pressionando os índices de inflação deste ano. Nesta quarta, o governo elevou a estimativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2021 de 5,05% para 5,9%. O valor supera o teto da meta a ser perseguida pelo Banco Central em 2021, de 5,25%.