COVID-19

Inglaterra encerra restrições anticovid; Tóquio teme surto nos Jogos

A apenas quatro dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, Tóquio alerta para um possível surto na Vila Olímpica

Jogos Olímpicos - Behrouz MEHRI / AFP

Em um momento de alta dos contágios, a Inglaterra suspendeu nesta segunda-feira (19) quase todas as restrições sanitárias para conter a covid-19, enquanto em Tóquio os alertas foram acionados para um possível surto na Vila Olímpica, a apenas quatro dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.

Nas primeiras horas do que foi chamado de "dia da liberdade", milhares de jovens "invadiram" as casas noturnas de Londres, ávidos para aproveitar as festas sem restrições.

No conjunto do país, no entanto, reina uma certa cautela, longe da euforia provocada há alguns meses com o fim do rigoroso e longo confinamento de inverno (verão no Brasil).

O primeiro-ministro Boris Johnson iniciou a nova etapa em isolamento, depois de ter tido contato com o ministro da Saúde, Sajid Javid, que testou positivo para covid-19.

Salas de espetáculos e estádios reabriram as portas com plena capacidade, e as casas noturnas voltaram a funcionar. Além disso, o distanciamento social e o uso de máscara não não mais obrigatórios, embora continuem sendo recomendados nos transportes e nos estabelecimentos comerciais - nos meios de transporte de Londres ainda são exigidos.

 

Boris Johnson se limitou a pedir "prudência" e ignorou os pedidos de um grupo de influentes cientistas internacionais, que alertaram para o "risco de minar os esforços de controle da pandemia não apenas no Reino Unido, mas também em outros países".

O Reino Unido é um dos países europeus mais afetados pela pandemia, com 128.700 mortes, e registra o maior número de contágios diários no continente. Atualmente, são mais de 50.000, mas o governo acredita que podem chegar a 100.000 casos por dia durante o verão (inverno no Brasil).

O número de mortes permanece em quase 40 por dia, mas registra tendência de alta, assim como as internações.

Em Tóquio, a quatro dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, que deveriam ter acontecido em 2020 e foram adiados devido à pandemia, aumenta a preocupação com a detecção de vários casos de covid-19 na Vila Olímpica, incluindo alguns atletas. 

Todas as pessoas que testaram positivo foram isoladas, assim como aquelas que tiveram contato próximo.

"É inevitável que tenhamos casos", admitiu no domingo o diretor dos Jogos no Comitê Olímpico Internacional (COI), Christophe Dubi, que disse compreender os temores de parte da população japonesa.

Quase todas as competições serão disputadas sem a presença de público, e as dezenas de milhares de participantes dos Jogos, de jornalistas a árbitros, passando pelos correspondentes estrangeiros, devem obedecer a restrições draconianas.

 

- Protestos contra as restrições -

Na Europa, onde vários países sofrem uma propagação da pandemia, apesar das campanhas de vacinação, o retorno das restrições esbarra na oposição de alguns setores.

No fim de semana, milhares de pessoas protestaram no Chipre, e mais de 110.000 foram às ruas na França, contra as medidas adotadas para conter o avanço da contagiosa variante Delta.

Na Espanha, foram retomadas as restrições parciais, como o toque de recolher noturno em Barcelona e na Cantabria.

O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) advertiu sobre o forte aumento dos novos casos nas próximas semanas, que podem quintuplicar até o início de agosto.

Graças às vacinas, o aumento do número de mortes e de hospitalizações deve ser menor.

Com mais de 131.000 novos casos diários de média nos últimos sete dias (o que representa um aumento de 41% na comparação com a semana anterior), a Europa é uma da regiões do mundo com mais circulação do vírus.

 

- Tailândia e Mianmar com problemas -

A Ásia lidera esta estatística, com a média de 153.000 casos por dia e países muito afetados por novos surtos, como Indonésia, Mianmar e Tailândia.

Esta última, uma nação turística do Sudeste Asiático, está vivendo a pior onda de covid-19 desde o início da pandemia, com hospitais lotados e críticas à lenta campanha de vacinação.

A polícia usou balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos d'água no domingo (18) para dispersar manifestantes que protestavam em Bangcoc contra a gestão do governo durante a pandemia.

Em Mianmar, a onda acontece em um cenário de caos provocado pelo golpe de Estado militar em fevereiro deste ano. As greves contra a junta deixaram os hospitais sem funcionários, e muitos doentes morrem em casa.

Os grupos de voluntários que vão de casa em casa e transportam cadáveres para os cemitérios estão saturados. "Não descansamos. A cada dia, minha equipe recupera entre 30 e 40 corpos", relata Than Than Soe.

Dezenas de milhões de vietnamitas também foram afetados. O governo ordenou o confinamento dos habitantes de mais 16 províncias, que se unem à cidade de Ho Chi Minh (ex-Saigon, com 9 milhões de habitantes) e às províncias vizinhas de Binh Duong e Dong Nai. Nestas últimas, a medida foi instalada há 10 dias.

Na Austrália, as autoridades de Melbourne decidiram prolongar o confinamento imposto na segunda maior cidade do país para conter o atual surto da variante Delta.