França suspende obrigatoriedade de máscara em lugar que exige passe sanitário
O governo da França suspendeu a obrigatoriedade do uso de máscaras faciais em cinemas, museus, ou instalações esportivas que exigirem a apresentação do passe sanitário para ingresso - uma medida criticada por vários cientistas.
"Onde quer que o passe sanitário" anticovid-19 seja necessário, as pessoas "poderão tirar suas máscaras", "salvo ordem expressa pelos prefeitos dos departamentos, em função da situação epidemiológica", declarou o ministro da Saúde, Olivier Veran, na rádio RTL, nesta terça-feira (20).
O passe sanitário contra covid-19 informa se seu titular completou o esquema de vacinação, se está imunizado, ou se testou negativo em teste recente de PCR.
Aprovada por decreto, a medida foi publicada hoje no Diário Oficial francês entra em vigor na quarta-feira (21).
A decisão se dá no mesmo dia em que o Parlamento começa o estudo de um projeto de lei que determina vacinação obrigatória para os profissionais de saúde e que estende o uso do passe sanitário a mais estabelecimentos, como bares e restaurantes. No sábado, manifestantes foram às ruas em protesto.
Para Veran, a máscara não é mais necessária, porque, com o passe, "estamos seguros de que todas as pessoas que entram estão totalmente vacinadas, ou têm um teste negativo recente".
Ao contrário do público, os funcionários destes estabelecimentos terão de continuar usando a máscara, disse o ministro do Trabalho.
O epidemiologista Dominique Costagliola recebeu o anúncio da medida "com estupor".
"É uma má ideia", disse ele à rádio France Inter.
"Devemos caminhar com todo rigor para combater essa pandemia, e não retirar algumas medidas, quando novas chegar", completou.
"Esta decisão impede o acesso a estes lugares de cerca de 250.000 pessoas imunodeprimidas graves, que têm passe sanitário, estão vacinadas, mas com um risco alto (...) e que só podem contar com que todos usem a máscara para se proteger", reagiu a associação de transplantes de fígado Renaloo.
Sob o impacto da variante Delta, mais contagiosa, o governo francês já fala em uma "quarta onda", registrando uma média diária de 8.000 casos nos últimos sete dias, contra 1.850 em junho.