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Presidente francês e rei do Marrocos entre possíveis alvos do software Pegasus

Presidente francês Emmanuel Macron durante seu discurso para TV sobre as novas restrições da Covid-19 - Ludovic Marin / AFP

Os números de telefone do presidente da França, Emmanuel Macron, e de membros de seu governo constam numa lista de possíveis alvos do software Pegasus, que alguns Estados usaram para espionar personalidades, declarou nesta terça-feira (20) o diretor da organização Forbidden Stories.

Também figuram na lista o rei do Marrocos, Mohamed VI, e sua comitiva, segundo a Radio France, uma das mídias que divulgou o caso.

"Encontramos esses números de telefone, mas obviamente não pudemos realizar uma investigação técnica no telefone de Emmanuel Macron" para verificar se ele foi infectado por este software, explicou Laurent Richard à rede de LCI, confirmando uma informação do jornal Le Monde. 

Portanto, "isso não nos diz se o presidente foi realmente espionado, mas mostra, em todo caso, que houve interesse em fazê-lo", acrescentou o diretor desta entidade.

"Se os fatos forem confirmados, é evidente que são muito graves. Vamos esclarecer essas revelações da imprensa", garantiu a Presidência francesa quando perguntada sobre se alguns Estados "potencialmente espionaram" Macron por meio deste software.

Le Monde revelou nesta terça que esses números, incluindo os do ex-primeiro-ministro Edouard Philippe, estavam "na lista de números selecionados por um serviço de segurança estatal marroquino, usuário do spyware Pegasus, para eventual hacking".

Sobre o rei do Marrocos, a Radio France indicou que "com os nossos parceiros do coletivo Forbidden Stories, pudemos constatar que entre os números que integram a lista dos serviços de inteligência marroquinos estão os de Mohamed VI. E seu ambiente sofreu a mesma situação".

Entre os números que o grupo conseguiu identificar estão os de "vários membros da família real", incluindo o de Salma Bennani, esposa do rei e mãe de dois filhos de Mohamed VI, disse a France Info TV. 

Outro dos números possivelmente espionados foi o de Moulay Hicham, um dos primos do rei e conhecido como o "príncipe vermelho" por sua posição crítica com a monarquia e a favor da democracia.

Forbidden Stories e a associação Anistia Internacional obtiveram uma lista de 50.000 números de telefone selecionados desde 2016 por clientes do grupo israelense NSO, que desenvolveu o Pegasus, para eventual vigilância. 

As duas organizações compartilharam a lista com um consórcio global de 17 veículos de comunicação.

Segundo essas revelações, outros alvos potenciais seriam vários parentes e colaboradores do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.