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'Os Ausentes': HBO Max estreia sua primeira série original brasileira

Protagonizada por Maria Flor e Eron Cordeiro, trama aborda casos de desaparecimentos em São Paulo

"Os Ausentes", série brasileira da HBO Max - Divulgação/HBO Max

De acordo com os dados do último Anuário Brasileiro da Segurança Pública, divulgados em 2020, 217 pessoas desaparecem no Brasil todos os dias. Uma realidade que causa sofrimento em milhares de famílias e é o tema principal de “Os Ausentes”, primeira produção original nacional do HBO Max, novo serviço de streaming recém-chegado ao País. 

A série investigativa, que estreia seus dez episódios nesta quinta-feira (22), para toda a América Latina, acompanha o dia a dia de uma agência de investigação de pessoas desaparecidas. Criada pelo ex-policial Raul Fagnani (Eron Cordeiro) e sediada nos fundos de uma loja de doces, a Ausentes atua no submundo de São Paulo, buscando pistas do paradeiro de entes queridos de quem, por algum motivo, não pode ou não quer recorrer às autoridades competentes.

Com direção de Caroline Fioratti e Raoni Rodrigues, o seriado foi criado por Maria Carmem Barbosa e Thiago Luciano. “Todas as vezes que eu lia algo sobre pessoas desaparecidas, isso me pegava de uma forma muito pesada. Quando começamos a pesquisa, há uns cinco anos, foi assustador. Pensar que, só em São Paulo, duas pessoas desaparecem a cada hora, é algo que não entra na cabeça”, comentou Thiago em entrevista coletiva. 

Consultoria de expert

“Os Ausentes” adota o formato de série procedural. Isso quer dizer que, a cada episódio, uma nova história é contada. Para dar conta desse tipo de narrativa, a equipe de roteiristas - formada por Thiago Luciano, Renê Belmonte e Bruno Passeri - contou com a consultoria de Barry Schkolnick, conhecido por assinar séries como “Law & Order” e “The Good Wife”. “Ele tem a mão para guiar a gente nisso, porque no começo foi difícil. Como transformar casos que são resolvidos ao longo de anos em histórias diárias? Foi uma luta”, relembrou.

Os números revelam a complexidade da produção. Foram utilizados mais de 100 atores e cerca de mil figurantes, com quase 400 horas de filmagens em mais de 100 locações diferentes. “Foi um desafio imenso conseguir atores incríveis para cada um dos episódios e ir atrás de tantos cenários. Trabalhamos muito para unificar a linguagem e todos os simbolismos que o roteiro trazia”, contou Caroline Fioratti.   

Representatividade como marca

Ao percorrer os mais diferentes cantos da capital paulista, as tramas usufruem das múltiplas origens geográficas, etnias e realidades sociais que convivem na cidade mais populosa do País. Para Augusto Madeira, que integra o elenco, a série acerta ao apostar na diversidade. “São várias culturas reunidas. Há atores negros, brancos, descendentes de japoneses, mulçumanos, LGBTQIA+. Essa pluralidade é incrível”, apontou. Entre as participações especiais, estão convidados como Jacqueline Sato, Nuno Leal Maia e Negra Li.

Enquanto tentam solucionar os problemas dos clientes, os protagonistas lidam com seus dramas pessoais. No caso de Raul, é o sumiço da própria filha que o motiva a criar a agência. “Ele é um cara atormentado pelo passado e que busca, no seu trabalho, tentar também se curar”, definiu Eron. O caminho do investigador cruza com o de Maria Julia (Maria Flor), que está disposta a ajudá-lo nos casos e, com seu apoio, também conseguir encontrar o pai desaparecido. 

“As mulheres têm uma potência enorme e é maravilhoso a gente poder fazer essas personagens que se colocam em risco e não têm medo de enfrentar um universo que é muito masculino”, afirmou Maria Flor, que ressaltou ainda os desafios emocionais da série. “Em vários momentos, a gente teve que se aproximar de sentimentos muito difíceis. Fiz muitas cenas que foram tocantes para mim. Se preparar para isso é meio complicado, mas o texto deu uma base muito interessante para a condução da personagem”, declarou.