Jogos Olímpicos

Com treinador pernambucano, seleção queniana é símbolo de superação nos Jogos Olímpicos

Quênia encerrou a sua participação em Tóquio 2020 em 6º lugar

Em sua despedida, Quênia perdeu para o Brasil por 3x0 - Luis ROBAYO / AFP

Superação, além de ser um dos maiores lemas dos Jogos Olímpicos, é o sentimento que marca a participação do Quênia no vôlei de quadra feminino em Tóquio 2020. Comandadas pelo técnico pernambucano Luizomar de Moura, as quenianas tiveram que se adaptar às suas limitações e contornar dificuldades para jogar contra as outras Seleções. 

“Eu pedi umas três malas de material de Osasco. Trouxemos bola de levantadora, rede de bloqueio, placa de bloqueio, material de fisioterapia, tudo. Então hoje elas estão tendo, pelo menos, uma condição que se equipara às outras equipes, e foi como desenhei o projeto em que fui convidado. Queria deixar alguma coisa, e essa sementinha tenho certeza que eles vão aproveitar no futuro”, revelou o treinador, em entrevista ao Sportv. 

O país não conquistava uma vaga nas Olimpíadas desde os Jogos de Atenas 2004 e a sua liga de vôlei ainda está em processo de profissionalização. O convite para que o brasileiro, natural de Caruaru, treinasse a equipe veio através do projeto Volleyball Empowerment, da Federação Internacional de Volleyball (FIBV), que busca fornecer uma melhor estrutura para países que ainda estão se desenvolvendo no esporte.

“Eu acho que o que fizemos nos Jogos Olímpicos, apesar de não ter vencido nenhum set, foi uma forma honrosa de viver o espírito olímpico. Espero que elas não fiquem conhecidas só pela alegria e pelas danças, mas também pelo potencial que elas podem desenvolver”, declarou o comandante. 

Entre janeiro e fevereiro, Luizomar passou por um dos maiores sustos de sua vida. Após ter sido diagnosticado com Covid-19, o treinador teve uma piora e ficou onze dias internado na UTI. O vírus comprometeu 50% e o deixou dez quilos mais magro, mas não diminuiu a sua vontade de viver e paixão pelo esporte, o que lhe fez aceitar o projeto do Quênia.

“Se pensar que eu estava no hospital olhando o teto e pensando se teria que mandar todas as minhas senhas para a minha esposa por que estava à 11 dias na UTI, já que meu parceiro de quarto estava fazendo isso com a família, isso aqui foi um grande presente. O futuro a Deus pertence e eu estou vivendo esse momento e celebrando a vida”, lembrou.

O Quênia encerrou a sua participação com uma derrota para o Brasil, por 3 sets a 0, sem vencer nenhuma partida na competição. Após o jogo, as atletas brasileiras aplaudiram a seleção queniana, e, emocionado, Luizomar abraçou e parabenizou as atletas Natália, Camila Brait e Tangará, que treinaram com o pernambucano na Superliga.