Estados Unidos

Biden pede renúncia de governador de Nova York por acusações de assédio sexual

Andrew Cuomo é suspeito de ter assediado mais de 10 mulheres

Andew Cuomo, governador de Nova York - Reprodução/Instagram

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se uniu aos principais líderes democratas, ao pedir a renúncia do governador de Nova York, Andrew Cuomo, após um investigação independente revelar que o poderoso político assediou sexualmente várias mulheres. 

Cuomo, que recebeu elogios em todo o país por seus esforços no início da pandemia, negou qualquer comportamento impróprio e resistiu aos pedidos de renúncia depois que a investigação constatou o assédio de atuais e ex-funcionárias estatais. 

Mas sua posição parece cada vez mais insustentável depois que Biden e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, disseram que o governador de três mandatos, no cargo desde 2010, deveria renunciar. "Acho que deve renunciar", disse Biden a repórteres na Casa Branca.

O explosivo relatório detalha as acusações de 11 mulheres que pintam um quadro "profundamente perturbador, mas claro" de um padrão de comportamento abusivo por parte do governador e de seu alto escalão, disse a procuradora-geral do Estado, Letitia James, em entrevista coletiva. 

James disse que o processo é de "de natureza civil" e não está claro se Cuomo enfrentará uma ação penal, mas a mídia norte-americana informou que o gabinete da promotoria da capital do estado, Albany, iniciou uma investigação. 


A investigação independente de cinco meses concluiu que Cuomo "assediou sexualmente várias mulheres e, ao fazê-lo, violou a lei federal e estadual", disse James, mencionando "beijos e abraços indesejados" e "toques e insinuações sexuais". 

A investigação também descobriu que Cuomo e sua equipe retaliaram pelo menos uma ex-funcionária por denunciar sua suposta experiência. O governador foi rápido em negar as acusações. 

"Quero que saibam diretamente por mim que nunca toquei em ninguém de forma inadequada ou fiz insinuações sexuais inadequadas", disse ele em um discurso transmitido pela televisão, no qual não deu nenhuma indicação de que pensava em deixar o cargo. 

"Tenho 63 anos. Vivi toda a minha vida adulta sob os olhos do público. Isso não é o que sou. E esse não é quem eu tenho sido", disse ele, acrescentando ter postado uma resposta às acusações em seu site: "Por favor, reserve um tempo para ler os fatos e decidir por si mesmo." 

Para justificar suas ações, ele incluiu fotos suas abraçando e beijando americanos proeminentes, incluindo Biden e o ex-presidente Barack Obama. 

"Tenho certeza de que alguns abraços são totalmente inocentes. Mas, aparentemente, a procuradora-geral decidiu que existem coisas onde não há", disse Biden.

Cuomo, filho do famoso governador Mario Cuomo, ex-secretário de Habitação do governo Bill Clinton e amigo de Biden, foi incentivado por muitos a concorrer à Casa Branca. 

Mas esse entusiasmo enfraqueceu nos últimos meses, depois que várias mulheres denunciaram publicamente o que descreveram como palavras e gestos inadequados. 

Clima de medo
Uma ex-funcionária disse que o carismático político colocou a mão sob a blusa dela no ano passado, enquanto uma policial disse que ele tocou, de maneira inapropriada, sua cintura e quadris. 

Sua conduta "não foi apenas um comportamento afetuoso antiquado, como ele e alguns de seus funcionários teriam feito, mas assédio sexual ilegal", disse Anne Clark, uma das advogadas que liderou a investigação. 

Cuomo e sua equipe criaram um "clima de medo" que impedia as mulheres de falar. “Era uma cultura na qual não se podia dizer não ao governador”, disse outro advogado que conduziu a investigação, Joon Kim.

Pelo menos um relatório foi entregue à polícia sobre o comportamento de Cuomo e os resultados da investigação podem ser usados em qualquer investigação criminal. As mulheres envolvidas também podem decidir se querem processar Cuomo, disseram os investigadores. 

A procuradora-geral James elogiou as 11 supostas vítimas por contarem suas histórias. "Todas as mulheres corajosas que se apresentaram são inspiradoras. Mas o mais importante, eu acredito nelas", disse.

O carismático Cuomo, um democrata moderado com considerável apoio entre os eleitores, espera superar seu pai ao vencer um quarto mandato na eleição de novembro de 2022. Mas parece cada vez mais provável que ele seja afastado antes disso. 

O presidente da Assembleia Estadual, Carl Heastie, anunciou que Cuomo "perdeu a confiança" da maioria democrata e não pode mais permanecer no cargo. 

“Assim que recebermos todos os documentos e provas relevantes do procurador-geral, agiremos rapidamente e buscaremos concluir nossa investigação o mais rápido possível”, disse ele. 

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, também pediu que Cuomo renuncie ou enfrente um "julgamento político imediato". 

Se a Assembleia Estadual aprovar as teses da acusação, o Senado estadual realizará um julgamento para decidir se destitui Cuomo do cargo.