Corte de Tandara causa surpresa, e seleção de vôlei tenta se blindar nas Olimpíadas
As brasileiras encaram a Coreia do Sul às 9h desta sexta (6) e se vencerem vão disputar o ouro contra os Estados Unidos no domingo (8)
A suspensão provisória por violação de regra antidoping da jogadora de vôlei Tandara Caixeta, 32, pegou toda a delegação brasileira de surpresa na madrugada de sexta-feira (6) no Japão (tarde de quinta, 5, no Brasil).
A oposta da seleção chorou ao receber o informe, segundo relatos de quem esteve com ela no momento, enquanto dirigentes tentavam blindar o restante da equipe sobre a notícia, horas antes da disputa da semifinal das Olimpíadas.
As brasileiras encaram a Coreia do Sul às 9h desta sexta (de Brasília) e se vencerem vão disputar o ouro contra os Estados Unidos no domingo (8).
Por decisão do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Tandara foi cortada do grupo e viajou de volta ao Brasil.
O aviso da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) chegou por email. O primeiro a ver foi Jorge Bichara, diretor de esportes do COB, por volta de 1h da manhã (do Japão). A mensagem não continha nenhuma informação sobre qual substância teria provocado a suspensão.
A primeira reação foi chamar outros membros da entidade para pensar o que seria feito, enquanto as jogadoras dormiam. Dirigentes do COB relataram estranhamento pelo fato de o resultado ter sido enviado na véspera do jogo mais importante para a seleção feminina desde a final em Londres-2012. O exame havia sido realizado pela atleta em 7 de julho.
Junto com a comissão técnica comandada por José Roberto Guimarães, foi decidido que o melhor seria evitar o contato de Tandara com as demais jogadoras, para evitar comoção.
Nas primeiras horas do dia, já havia uma mensagem no celular para a oposta, para que procurasse a chefe de equipe assim que acordasse. A ideia era que ela fosse avisada pessoalmente, mas não deu certo. Antes de descer para encontrar dirigentes e o treinador, a atleta acessou o email e viu a notícia.
Ela se reuniu, então, com Zé Roberto e dirigentes do COB e da CBV. Na conversa, ficou decidido que iria imediatamente para o aeroporto.
"A gente entendeu que desde já a Tandara tinha de retornar ao Brasil, para que não tivesse influência sobre o grupo, que foi comunicado em conjunto pelo treinador da seleção", afirmou Marco La Porta, chefe do COB no Japão, à reportagem.
"Tenho certeza de que o grupo vai entender a situação. São jogadoras experientes e vão entrar focadas no jogo de hoje."
O exame em questão, de acordo com o COB, foi realizado em um período fora de competição, no centro de treinamento da modalidade em Saquarema. Todas as jogadoras foram testadas na cidade fluminense, e o resultado de Tandara foi o único positivo.
Em 16 de julho, quando o COB comunicou que o halterofilista Fernando Reis estava fora das Olimpíadas por um resultado positivo em teste antidoping realizado no dia 11 de junho, a entidade divulgou que a substância proibida encontrada havia sido um hormônio de crescimento.
Agora, o comunicado do comitê sobre Tandara deixa lacunas sobre o ocorrido. Procurada, a ABCD disse que não se pronunciará sobre o caso por enquanto.
Em reunião das atletas, mais tarde, quando todas foram comunicadas do fato, o time fez um pacto de não se manifestar nas redes sociais sobre o tema e focar a concentração no jogo. Até o momento, nenhuma jogadora fez comentários.
Campeã olímpica em Londres-2012, Tandara acabou preterida por Zé Roberto para a Rio-2016, mas foi a titular no atual ciclo olímpico. Em Tóquio, ela não rendeu o esperado e viu sua titularidade ameaçada por Rosamaria. Esta última foi decisiva para o Brasil vencer, de virada, o Comitê Olímpico Russo por 3 sets a 1 na quarta-feira (4), pelas quartas de final, entrando no decorrer do jogo na vaga de Tandara.
Rosamaria marcou 16 pontos, dois a menos que Gabi, a maior pontuadora da seleção. Zé Roberto ainda não havia confirmado com quem começaria na semifinal desta sexta.