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Grécia enfrenta situação crítica pelos incêndios, ainda ativos na Turquia

O fogo assola há dias vários lugares da parte leste do Mediterrâneo, abalada pela pior onda de calor em décadas - Louisa GOULIAMAKI / AFP

Várias regiões da Grécia continuam em meio às chamas, nesta sexta-feira (6), uma situação "extremamente crítica", de acordo com seu primeiro-ministro, enquanto na vizinha Turquia aumenta a pressão sobre o governo pela gestão dos incêndios.

Os incêndios cobraram suas duas primeiras vítimas na Grécia, ambas no norte de Atenas: um homem de 38 anos atingido por um poste de energia elétrica e um trabalhador industrial encontrado inconsciente em sua fábrica, que morreu no hospital. Além disso, 18 pessoas ficaram feridas, entre elas dois bombeiros voluntários em estado crítico.

O fogo assola há dias vários lugares da parte leste do Mediterrâneo, abalada pela pior onda de calor em décadas, em um desastre que autoridades e especialistas vinculam à mudança climática.

Nesta sexta, a capital grega estava imersa em um cheiro forte e sob a fumaça de um incêndio que se reativou na quinta-feira à tarde (5), no sopé do monte Parnitha, após ter queimado mais de 1.200 hectares desde terça-feira.

Os três maciços que circundam Atenas estavam escondidos por trás da fumaça espessa, assim como o Monte Licabeto, localizado no centro da cidade.

Na cidade de Afidnes, 30 km ao norte, as chamas arderam toda noite, deixando uma paisagem de desolação, veículos carbonizados, casas destruídas e árvores queimadas, segundo repórteres da AFP.

Próximo ao local, em Krioneri, o fogo queimou casas, empresas e fábricas. "O incêndio está incontrolável. Não quero ir embora. Toda minha vida está aqui", disse Vassiliki Papapanagiotis, abalado.

Um trecho da rodovia que conecta a capital com o norte e com o sul do país foi bloqueado por precaução e 2.000 migrantes foram retirados de um acampamento de refugiados próximo dali. Na sexta-feira à noite, o centro de retenção de Amygdaleza também foi evacuado.

Ao menos 450 bombeiros gregos, apoiados por reforços aéreos e terrestres de França, Suécia, Romênia, Suíça, Israel e Chipre, combatiam nas diferentes frentes.

- "Situação extremamente crítica" -"Nosso país enfrenta uma situação extremamente crítica", disse na quinta-feira à noite o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, sobre as dezenas de incêndios que arrasam o país.

"Enfrentamos condições sem precedentes, porque vários dias de onda de calor transformaram todo país em um barril de pólvora", afirmou.

Com temperaturas entre 40ºC e 45ºC, Grécia e Turquia vivem uma onda de calor excepcional e enfrentam vários incêndios que devoram florestas, casas e empresas.

Diante deste perigo extremo, as autoridades gregas proibiram a visita a florestas, parques nacionais e espaços naturais até segunda-feira (9).

O vice-ministro da Proteção Civil, Nikos Hardalias, informou na noitee de sexta que 64 dos 154 incêndios declarados permanecem ativos.

Na Turquia, ainda havia 12 focos foram de controle dos 208 registrados desde o final de julho no sul do país. No total, oito pessoas morreram, e dezenas foram hospitalizadas.

Vários turistas e moradores foram evacuados das áreas afetadas. Na ilha grega de Eubeia, alguns monges foram retirados à força, após se negarem a abandonar seus mosteiros.

Na turística Gytheio, no sul do Peleponeso, 5.000 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas e ir para uma cidade vizinha.

- Erdogan em apuros -Na Turquia, no porto de Oren, Hulusi Kinic rejeitou na quinta-feira se unir às centenas de moradores evacuados por mar perto da usina termelétrica de Milas.

"Para onde vocês querem que a gente vá na nossa idade?", disse este aposentado de 79 anos.

As chamas se aproximaram perigosamente da termelétrica, que armazena milhares de toneladas de carvão.

A Presidência turca informou que, segundo um relatório preliminar, "não havia danos nas unidades principais da central".

No 10º dia de crise pelos incêndios, cinco províncias turcas continuam lutando contra o fogo.

A gestão deste desastre está colocando em apuros o presidente Recep Tayyip Erdogan, acusado pela oposição de ter usado apenas 1,75% dos 23 milhões de dólares orçamentados no primeiro semestre para prevenir os incêndios.

"É uma situação que pode inclusive ser definida como traição", disse à AFP o deputado do principal partido da oposição Murat Emir.

As chamas também levaram o governo da Macedônia do Norte a declarar 30 dias de estado de emergência. E, na Albânia, nos Bálcãs, o ministro da Defesa afirmou que a situação é "crítica", devido à ameaça sobre lugares habitados.