China diz que EUA são 'império de hackers' e rebate ofensiva de assessor de Biden a Huawei no 5G
A declaração foi feita após visita do conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, ao presidente brasileiro
A embaixada da China no Brasil rebateu, neste sábado (7), as manifestações de representantes do governo americano que, após visita ao presidente Jair Bolsonaro, afirmaram haver preocupação dos Estados Unidos com a possível presença dos asiáticos na infraestrutura de 5G.
"Em relação ao 5G, os EUA continuam a ter fortes preocupações sobre o papel potencial da Huawei na infraestrutura de telecomunicações do Brasil, bem como em outros países ao redor do mundo", afirmou na sexta-feira (6) Tobias Bradford, porta-voz da embaixada dos EUA. A declaração foi feita após visita do conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, ao presidente brasileiro.
O principal objetivo de Washington com a ofensiva contra os chineses no setor é que o Brasil e outros países coloquem travas para impedir a Huawei de fornecer equipamentos para a tecnologia 5G. O governo brasileiro tem intenção de fazer o primeiro leilão de radiofrequências da tecnologia ainda neste ano.
A embaixada chinesa afirmou em nota que os ataques dos EUA são mal-intencionados e infundados e que têm real objetivo de difamar a China, cercear as empresas chinesas de alta tecnologia e preservar os "interesses egoístas da supremacia americana".
"A esse tipo de comportamento que busca publicamente coagir os outros países na construção do 5G e sabotar a parceria sino-brasileira, manifestamos forte insatisfação e veemente objeção", afirma a embaixada.
A embaixada defende a Huawei dizendo que a empresa já construiu mais de 1.500 redes de telecomunicação em 30 anos para mais de 170 países e territórios, atendendo a mais de um terço da população global.
"As soluções 5G da Huawei são avançadas e seguras, fato reconhecido pela maioria das operadoras do mundo", afirma o texto. O comunicado afirma ainda que a Huawei tem boa cooperação com mais de 500 empresas brasileiras e fornece equipamentos a quase metade das redes de telecomunicação do país, atendendo a 95% da população brasileira.
Além disso, a embaixada aponta os EUA como o "maior império de hackers" do mundo dizendo que o país é que representa uma verdadeira ameaça à segurança cibernética global.
"Durante muito tempo, agências de inteligência dos Estados Unidos conduziram, em grande escala e de forma organizada e indiscriminada, atividades de vigilância e espionagem cibernéticas contra governos, até mesmo dos seus aliados, empresas e indivíduos estrangeiros, com graves violações da privacidade e da segurança de terceiros", afirma.
Por fim, a embaixada afirma acreditar que o governo brasileiro não vá excluir os chineses de futuros contratos no setor.
"Acreditamos que o Brasil vai fornecer regras de mercado em sintonia com os parâmetros de transparência, imparcialidade e não discriminação para empresas chinesas e de qualquer outra nacionalidade, bem como continuar a manter um bom ambiente de negócios para a cooperação econômico-comercial sino-brasileira", diz o texto.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou há menos de um mês que recebeu comunicado oficial do ministro Raimundo Carrero, do TCU (Tribunal de Contas da União), dizendo que a análise do órgão sobre o edital seria votada em 18 de agosto.
O TCU é responsável por analisar e aprovar o leilão. Após a votação no órgão, segundo o ministro, em até cinco dias o edital será encaminhado para a Anatel. A intenção é que, após um leilão ainda neste ano, o país comece a ter a tecnologia 5G no ano que vem.