Mario Frias: edital de R$ 30 milhões para celebrar a Independência
"Teremos um excelente investimento no resgate do imaginário público de todos os grandes heróis da nossa independência", disse Frias no Twitter
O secretário especial da Cultura, Mario Frias, anunciou nesta terça (10) um edital no valor de R$ 30 milhões para selecionar projetos de obras audiovisuais voltados à comemoração dos 200 anos da Independência do Brasil, em setembro de 2022.
"Teremos um excelente investimento no resgate do imaginário público de todos os grandes heróis da nossa independência", disse Frias no Twitter. "A comemoração do bicentenário é um evento de todos os brasileiros, e iremos levá-la para cada um de vocês", acrescentou.
Segundo o secretário, haverá em breve o lançamento de editais específicos para produtores regionais e novos produtores, promovendo a descentralização de recursos e incentivando empresas e profissionais locais.
O dinheiro virá da pasta da cultura, mas não está claro se os editais locais serão financiados com os R$ 30 milhões ou terão subsídios separados. Frias também não especificou quem seriam os heróis a que se refere.
Esse é um dos primeiros editais de fomento direto à produção artística lançado pela secretaria e vem alguns dias após um chamamento para selecionar uma gestora para a Cinemateca Brasileira -este, contudo, só foi anunciado após um depósito da instituição, em São Paulo, pegar fogo. A página de editais no site da secretaria não lista nenhum chamamento e foi atualizada pela última vez em abril.
Cerca de 20 produções sobre a independência serão contempladas com o edital, e elas podem ser documentais, ficcionais ou animadas, em curta e longa metragem. O julgamento dos inscritos será feito por uma comissão mista, composta de servidores da Agência Nacional do Cinema, a Ancine, e da Secretaria Especial da Cultura, além de convidados do setor audiovisual.
O secretário de fomento, André Porciuncula, repercutiu o anúncio de Frias, dizendo que se trata de um resgate, no imaginário popular, dos grandes heróis da independência. Ele também afirmou que "o país não será refém dos ícones artificiais de meia dúzia de revolucionários", mas não especificou a quem se referia.
Há cerca de três semanas, o cineasta Josias Teófilo -autor do documentário "O Jardim das Aflições", sobre o guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho- criticou a secretaria da Cultura sobre esse tema. "Estamos chegando ao mês de agosto e o governo que se diz conservador ainda não anunciou nada que fará no bicentenário da independência do Brasil", escreveu ele, numa rede social.
Em seguida, Teófilo afirmou que, enquanto nenhum anúncio havia sido feito, Frias e Porciúncula achavam tempo para brigar nas redes sociais com o secretário da Cultura de São Paulo, Sérgio Sá Leitão. Ele também afirmou que Frias fica "lacrando" no Twitter.
Esta não é a primeira vez que Frias faz referência aos brasileiros como um "povo heroico". Numa campanha patriótica lançada pelo governo às vésperas do Sete de Setembro do ano passado, o secretário estrelou um vídeo no qual afirmava que "até mesmo dentro de casa não é difícil encontrarmos um herói, que se sacrifica a cada dia em prol da sua família".