Ex-presidente do Afeganistão se refugia nos Emirados Árabes Unidos
A informação foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos. Segundo a pasta, a família de Ghani também se encontra no país
O ex-presidente afegão Ashraf Ghani, que abandonou o posto após a chegada do grupo fundamentalista islâmico Taleban a Cabul, capital do Afeganistão, está nos Emirados Árabes Unidos.
A informação foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos. Segundo a pasta, a família de Ghani também se encontra no país.
O Taleban chegou, sem resistência, a Cabul no último domingo (15), em meio a um avanço para a retomada do poder afegão. O grupo governou o Afeganistão entre 1996 e 2001, quando transformou o país em uma teocracia islâmica. No mesmo dia em que o grupo chegou a Cabul, Ashraf Ghani deixou o Afeganistão.
Antes de os Emirados Árabes Unidos confirmarem ter recebido o ex-presidente, a agência de notícias Reuters havia dito que ele havia se refugiado no Tajiquistão, o que foi negado pelo país. A saída de Ghani possibilitou ao Talibã a oportunidade de, com ainda mais facilidade, ocupar a sede do Palácio Presidencial. Segundo um correspondente local da emissora catari Al Jazeera, havia pelo menos três funcionários do governo durante a "entrega" do palácio.
A chegada do grupo a Cabul deflagrou uma corrida por parte de embaixadas dos mais diversos países para retirar diplomatas do Afeganistão. Dias antes, o grupo havia dito que enviados estrangeiros não seriam "tocados". O medo de uma volta de um regime teocrático rígido fez com que civis corressem para o aeroporto de Cabul em busca de sair do Afeganistão, o que provocou tumultos e levou a mortes. Ontem, voos chegaram a ser suspensos, mas retomados horas depois.
Em Cabul, afegãos tentam, ainda que sob medo, retomar a vida cotidiana. Nas ruas, agora controladas por militantes armados, homens estão optando por trocar as roupas ocidentais por vestimentas tradicionais islâmicas.
Mas são as afegãs as principais afetadas pela chegada do grupo a Cabul: poucas são vistas nas ruas, as TVs locais não estão transmitindo programas com apresentadoras e vitrines de lojas com imagens de mulheres sem véu e com maquiagem no rosto estão sendo apagadas.
Hoje, em Jalalabad, cidade próxima da fronteira com o Paquistão, afegãos se reuniram para protestar contra o Taleban, mas foram reprimidos pelo grupo fundamentalista islâmico.
Disparos foram feitos e manifestantes foram espancados por talebans em Jalalabad, segundo o jornal americano The New York Times. Citando testemunhas, a Reuters reportou que três pessoas morreram durante o ato na cidade.