Coronavírus

Ministério da Saúde ajusta distribuição de vacinas para priorizar estados atrasados

Estimativa da pasta para Pernambuco é de mais de 1,6 milhão de adultos ainda sem a primeira dose

Coletiva do ministério apresenta ajuste na distribuição - Walterson Rosa/MS

O Ministério da Saúde anunciou, nessa quarta-feira (18), um ajuste na estratégia de distribuição das doses de vacinas contra a Covid-19 para priorizar estados atrasados. Agora, cada unidade da federação receberá os lotes de acordo com o tamanho da população de 18 anos que ainda não foi vacinada. 

Em Pernambuco, a estimativa do Ministério da Saúde, segundo o último informe técnico sobre repasse das vacinas, é que faltem cerca de 1,6 milhão de doses para completar a primeira aplicação, de acordo com o que já foi enviado pela pasta. 

Esse número posiciona o Estado em 11º no ranking nacional - em porcentagem, o total é de 23,43% dos adultos ainda não vacinados. O Acre tem a vacinação mais avançada, com 8,59%; o Ceará é o mais atrasado, com 29,59% ainda em falta.

Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) indicam 4.952.341 já adultos vacinados no Estado com a dose inicial. A população adulta de Pernambuco é estimada em 7,2 milhões.

No início de agosto, o secretário estadual de Saúde de Pernambuco, André Longo, informou que o Estado passará a receber mais vacinas para que seja alcançada essa compensação gradual entre as unidades federativas.

"A partir das próximas entregas, deverão ser equiparadas as coberturas vacinais entre os estados de acordo com a população, sendo, então, compensados aqueles que vinham recebendo menos doses proporcionalmente, como era o caso de Pernambuco”, pontuou o gestor.

De acordo com fala do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no início de agosto, o critério até então adotado era o de distribuição por público-alvo de idosos, profissionais de saúde e pessoas com comorbidades, o que levava a um maior repasse de vacinas para estados com mais indivíduos desses grupos prioritários, como São Paulo, que tem a terceira campanha mais avançada do País, com a falta de 17,23% de vacinação dos adultos.

"Já atingimos essa população [prioritária]. A partir daí, se mudou a metodologia, passou-se a vacinar por faixa etária. Em função disso, esses denominadores mudaram e é por isso que há essa divergência", explicou Queiroga.

Essa diferença entre os estados é sentida pela população. Enquanto o Recife, por exemplo, já abriu agendamento para adolescentes prioritários a partir dos 12 anos, capitais como Teresina e Cuiabá ainda atendem apenas o público com mais de 30 anos.

A nova estratégia do ministério prevê que todas as localidades irão imunizar, com a primeira dose, brasileiros maiores de 18 anos, "sem prejuízos para a população e de forma equânime". O governo espera concluir a vacinação de todos os adultos com a primeira dose até setembro.

"Vamos fazer o possível para que essa distribuição ajustada garanta uma maior homogeneidade na vacinação em todas as unidades da federação. Se imunizarmos a população vacinável, todos vão se beneficiar com a imunidade que será proporcionada", afirmou o ministro da Saúde, em coletiva de imprensa na quarta-feira.

Vacinas contra a Covid-19 (Foto: Myke Sena/MS)

Para enviar as doses nesse formato, o Ministério da Saúde fez um levantamento com base em dois critérios: as vacinas para a primeira dose já enviadas para cada estado, desde o começo da campanha de vacinação; e a estimativa da população acima de 18 anos de cada unidade da federação.

Essa é a estimativa de cobertura vacinal atual usada para basear o cálculo de distribuição de doses. É com essa metodologia que os estados vão receber o quantitativo de doses para pessoas, acima de 18 anos, que ainda precisam se vacinar, considerando a quantidade de doses entregues pelos laboratórios a cada nova distribuição.

“Temos que obedecer um princípio maior, que rege toda a gestão do SUS, que se chama equidade. Ela tem que ser sempre buscada e preservada. O Ministério da Saúde tem a obrigação de olhar para todos os brasileiros da mesma forma, independentemente da unidade federativa", disse a secretária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo.

O ajuste foi acordado entre representantes da União, estados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e municípios pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), após a conclusão do envio de vacinas para imunizar todos os 29 grupos prioritários definidos pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO).

"O PNO foi construído sob uma ótica de grupos prioritários. Nosso trabalho é tentar, neste momento, equilibrar e deixar mais harmônica a vacinação, para que todos os estados tenham a mesma oportunidade para avançar na imunização dos adultos acima de 18 anos, com a primeira dose", reforçou o secretário Executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz.

O Ministério da Saúde reforça que ajuste na distribuição não impactará no envio das vacinas para a segunda dose, já que todos os estados continuarão recebendo o quantitativo necessário para completar todos os esquemas vacinais.

Vacinação em Pernambuco
Desde o início da campanha de vacinação, em 18 de janeiro, 8.689.830 doses foram disponibilizadas aos pernambucanos, sendo 3.906.770 da Astrazeneca/Oxford/Fiocruz, 2.892.080 da Coronavac/Butantan, 1.718.730 da Pfizer/BioNTech e 172.250 da Janssen.

Pernambuco aplicou 7.064.104 doses de vacinas contra a Covid-19 na sua população. Desse total, 2.111.763 pernambucanos completaram seus esquemas vacinais, sendo 1.939.968 pessoas que foram vacinadas com imunizantes aplicados em duas doses e outros 171.795 pernambucanos que foram contemplados com vacina aplicada em dose única.