Homem é preso por tentativa de homicídio após confusão com advogado de Bolsonaro
Vídeos e relatos de testemunhas apontam que o homem tentou agredir Frederick Wassef com uma faca após acusá-lo de assédio à sua mulher
Um homem foi preso em flagrante em Brasília por tentativa de homicídio, ameaça, porte de arma branca e direção perigosa de veículo em via pública após confusão envolvendo Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O tumulto aconteceu na tarde de sábado (21) em um restaurante no Lago Sul. O homem foi solto na manhã de domingo (22) após audiência de custódia.
Segundo informações da polícia, vídeos e relatos de testemunhas apontam que o homem tentou agredir o advogado com uma faca após acusá-lo de assédio à sua mulher.
A mulher, porém, afirmou que houve um "mal-entendido", de acordo com a polícia. Vídeos divulgados pelo site Metrópoles, e gravados por pessoas no local, mostram o momento em que o homem segura uma faca e afirma: "Safado, sem vergonha, atacando mulher no banheiro".
Wassef nega que tenha ocorrido assédio e diz que o caso começou após ter sido alvo de ofensas pela mulher por defender Bolsonaro. O advogado também afirma que imagens de câmeras de segurança provam que ele não esteve perto da mulher quando ela estava no banheiro.
"Estou sendo vítima uma vez mais de uma campanha de fake news, porque falaram que eu mexi com uma mulher, o que é absolutamente falso. Trata-se de uma senhora de quase 65 anos", disse à Folha de S.Paulo.
De acordo com o delegado Sérgio Bautzer, da Central de Flagrantes da 1ª DP (Delegacia de Polícia) da Asa Sul, as imagens foram analisadas e não apontam aproximação no banheiro, mas o áudio do momento em que a mulher passa perto de Wassef, que aparenta falar ao telefone, não está disponível.
Uma nova testemunha deve ser ouvida nos próximos 30 dias. Segundo os relatos colhidos no caso, o casal, que estava com a filha, chegou a deixar o local, mas o homem voltou depois.
Além de tentar atacar Wassef, o suspeito ameaçou um casal que estava na mesma mesa que o advogado, afirma o delegado Sérgio Bautzer.
O episódio ocorreu entre 17h40 e 18h20, de acordo com dados do boletim de ocorrência. Uma equipe da Polícia Militar foi acionada "para averiguar ocorrência de ameaça" e encontrou o homem já dentro do carro.
"Durante revista no veículo do autor, foram encontradas duas armas de corte e perfuração. Diante dos fatos, conduziram todos à delegacia para as providências cabíveis", disse a Polícia Civil, em nota.
A reportagem não conseguiu contato com o suspeito para falar sobre o caso.
Após audiência de custódia na manhã deste domingo, o homem recebeu liberdade provisória, segundo registros do caso no TJ-DF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal). Nos autos, consta que o homem foi acompanhado pela Defensoria Pública -o nome do defensor não foi informado
Em depoimento à polícia, o homem diz ter ido cumprimentar Wassef quando saía do restaurante por ser simpatizante de Bolsonaro. Pouco depois, a mulher estacionou o carro ao lado e disse ao marido para irem embora.
Mais tarde, porém, ele disse ter ouvido da mulher que o advogado estava "falando besteiras na saída do banheiro" e ter entendido que houve assédio, o que fez com que ele voltasse ao restaurante.
Wassef nega que tenha a assediado e afirma ter sido alvo de ofensas ainda no restaurante pela mulher, que teria manifestado oposição às ideias de Bolsonaro.
Ele disse à Folha de S.Paulo que a questionou do porquê dos supostos ataques. "E ela: 'Não quero falar com você'. A filha também gritou e disse que não queria falar comigo", relatou o advogado.
Segundo ele, o homem que acompanhava a mulher primeiro teve postura diferente, no começo da confusão, chegando a pedir desculpas. Mais tarde, porém, voltou ao local e tentou agredi-lo, afirma.
Ele disse que fugiu do local enquanto o homem era segurado por clientes do restaurante.
Em depoimento, de acordo com a polícia, a mulher disse que houve um mal-entendido, afirmando que se referia à política quando citou ao marido que o advogado falava "besteiras". Ela não citou ofensas ou discussão com Wassef.
De acordo com o delegado, a mulher foi ouvida em protocolo especial para casos de suspeita de violência contra a mulher, mas não citou assédio.
Segundo Bautzer, após Wassef deixar o local, o suspeito também tentou agredir as outras pessoas que estavam na mesa, mas foi contido. Wassef não foi atingido, mas bateu a perna ao deixar o local.
O advogado é um dos mais próximos aliados da família Bolsonaro.
Apontado como operador do esquema ilícito no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia, o policial militar aposentado Fabrício Queiroz foi preso pela em um imóvel de Wassef em junho de 2020.
A prisão de Queiroz chegou a fazer Wassef submergir e se afastar da família Bolsonaro, mas o criminalista voltou a circular pelo Palácio do Planalto meses mais tarde.