Senado

CPI ouve Emanuel Catori, sócio da Belcher

Sócio da farmacêutica Belcher, Emanuel Catori chega ao Senado Federal para o início do depoimento. - Edilson Rodrigues/Agência Senado


A CPI da Pandemia ouve nesta terça-feira (24) Emanuel Catori, um dos sócios da farmacêutica Belcher. A empresa atuou como intermediária do laboratório chinês CanSino na negociação com o Ministério da Saúde pelo fornecimento de 60 milhões de doses da vacina Convidecia ao custo de R$ 5 bilhões.

A Belcher tem sede em Maringá (PR), que já teve como prefeito o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Outro sócio da Belcher é Daniel Moleirinho Feio Ribeiro, que é filho de Francisco Feio Ribeiro Filho, ex-diretor da Urbamar (Urbanização de Maringá) durante a gestão de Barros. Daniel Moleirinho também atuou na Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) durante o governo de Cida Borghetti (PP), casada com Barros. 

Questionado sobre sua relação com o empresário e com a Belcher, Barros afirmou que é amigo pessoal de Francisco e Daniel, mas negou que tenha participado de reuniões no Ministério da Saúde para facilitar a venda da vacina para a pasta. 

"Eu não facilitei, não participei. Eventualmente, se solicitado, posso ter buscado auxiliar não só a Belcher, mas todos os que me procuraram", disse Ricardo Barros em seu depoimento no dia 12 de agosto.

 

O presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM), informou que Emanuel Catori conta com habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, podendo assim ficar em silêncio e não produzir provas contra si mesmo. A decisão foi proferida pelo ministro Gilmar Mendes, do STF.

Ao iniciar a reunião da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) leu carta da Pfizer com informações sobre o medicamento antiviral e oral em desenvolvimento pela farmacêutica contra a Covid-19. De acordo com o comunicado, a medicação em estudo não tem nenhuma semelhança com  hidroxicloroquina, invermectina e azitromicina, sendo formada por compostos diferentes.

O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), pediu que Randolfe tenha sempre em mãos o comunicado para que possa lê-lo quando informações desencontradas sobre o assunto forem levantada por algum depoente ou senador.

Depoimento
Em sua fala inicial, Emanuel Catori, sócio da farmacêutica Belcher, traçou uma cronologia da relação entre sua empresa e a chinesa CanSino, fabricante da vacina Convidecia. Como representante da CanSino, por meio de uma carta de intenções, a Belcher teria se reunido em maio com o Ministério da Saúde e a Anvisa, para a venda de 60 milhões de doses. Mas em 10 de junho, alegando razões de compliance, a CanSino revogou unilateralmente a relação com a empresa de Catori — segundo ele, sem que "sequer tenha havido a primeira rodada comercial" com o ministério.

Emanuel Catori desmentiu ter tido reunião "sem registro na agenda" no dia 15 de abril com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). Segundo o depoente, o que houve foi uma "audiência coletiva" no ministério, por iniciativa da Frente Parlamentar da Indústria Pública de Medicamentos, coordenada por Barros, com a presença de Queiroga e de outras seis empresas além da Belcher, e que nesse dia não se tratou da vacina Convidecia.

Catori também relatou as tratativas com o grupo de empresários liderado por Luciano Hang, Carlos Wizard e Alan Eccel para a compra de 9 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac. Segundo ele, as doses se destinavam exclusivamente a doação, e a negociação esbarrou no acordo de exclusividade entre a fabricante chinesa Sinovac e o Instituto Butantan. Catori diz que não houve 'rodada comercial' para venda da Convidecia

Recurso ao STF
A  CPI recorreu na segunda-feira (23) de uma decisão do ministro do STF Edson Fachin, que negou habeas corpus à comissão no caso do inquérito da PF que apura suposta divulgação de documentos sigilosos em poder do colegiado.