Com 90% de casos graves entre quem não tomou duas doses, Pernambuco tem 431 mil com esquema atrasado
Nove entre cada dez pessoas que desenvolveram casos graves de Covid-19 em Pernambuco, no mês de julho, não completaram o esquema vacinal contra o coronavírus com a segunda dose. Além disso, quase 431 mil estão com a dose de reforço atrasada.
Os dados foram apresentados pelo secretário estadual de Saúde, André Longo, em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (25). O governo também anunciou a realização de eventos-testes com até 1,2 mil pessoas a partir de setembro e o aumento de carga para eventos sociais, corporativos e esportivos.
Segundo Longo, 58% dos pacientes de casos graves de Covid-19 em julho no Estado não tinham tomado nenhuma dose do imunizante e os outros 32% haviam recebido apenas a primeira.
"Esses dados dão a real importância da vacinação, de se vacinar com o ciclo completo e tomar as duas doses no momento certo", disse o secretário, ao relembrar que a população deve ficar atenta ao cronograma de imunização do seu município.
O secretário também informou que há um total de 430.966 pessoas no Estado que ainda não tomaram a segunda dose e, por isso, são considerados "atrasados" na conclusão do esquema vacinal.
Desses quase 431 mil, 255.034 ainda não receberam a segunda dose da vacina da AstraZeneca, que tem intervalo de 60 a 90 dias para o reforço. Outros 120.693 precisam tomar a segunda dose da CoronaVac, cujo prazo entre doses é de 21 a 28 dias. Já 55.239 têm a segunda dose da Pfizer, com intervalo de 90 dias, atrasada.
"Estamos falando da necessidade de uma terceira dose. É óbvio que para chegar na terceira temos que tomar a segunda. Quem está no grupo de pessoas que não se vacinaram, chegou o momento. Os dados reforçam a necessidade do ciclo vacinal completo", acrescentou Longo.
André Longo também afirmou se natural o recebimento da terceira dose da vacina contra a Covid-19, que teve início da aplicação confirmado pelo Ministério da Saúde para 15 de setembro.
"Vamos, em reunião com o ministro, cobrar a necessidade de inserir os trabalhadores de Saúde, que se vacinaram em janeiro, neste início da aplicação da terceira dose", disse.
Pernambuco tem aproximadamente 1,2 milhão de idosos com mais de 60 anos - a imunização com a terceira dose, inicialmente, será para a população a partir de 70 e imunossuprimidos. Já os profissionais de Saúde são cerca de 300 mil.
De acordo com balanço da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Pernambuco aplicou, até essa terça-feira (24), 7.489.599 doses de vacinas contra a Covid-19. Com relação apenas às primeiras doses, foram 5.177.851 aplicações.
Completaram seus esquemas vacinais, 2.311.748 pernambucanos, sendo 2.138.761 pessoas que foram vacinadas com imunizantes aplicados em duas doses e outros 172.987 pernambucanos que foram contemplados com vacina aplicada em dose única.
Cenário epidemiológico
André Longo informou que o Estado segue em quadro de estabilidade e com os menores patamares da doença desde a primeira aceleração dos números epidemiológicos, em março de 2020.
"Na semana epidemiológica 33 [encerrada no sábado, 21], tivemos uma aceleração nos casos de Srag, mas que segue uma curva sazonal da época do ano. Ao todo, foram 473 casos notificados de Srag na semana passada - nem todos positivos, o que representa 48 casos a mais que a semana epidemiológica 32, aumento de 11% e de 17% em relação à semana 31", explicou o secretário.
O gestor disse que essas notificações ainda estão em patamares muito baixos em relação a outras semanas. A Central de Regulação de Leitos do Estado registrou 298 pedidos por vagas em UTIs, menor quantitativo desde abril do ano passado, e uma redução de 10% e 15% em relação às duas semanas anteriores, respectivamente.
"A ocupação de leitos continua em tendência de redução, temos pouco mais de 450 internados em vagas de UTI de rede pública, o que nos remonta ao patamar de abril do ano passado", detalhou André Longo.
Por fim, o secretário cobrou atenção da população em relação a cenas de aglomeração em locais públicos vistas nos últimos dias e disse que, caso necessário, o Estado poderá regredir nos avanços dos planos de flexibilização.
"Esse é o tipo de atitude que só favorece a proliferação do vírus e que coloca em risco o processo de vacinação. Se quisermos continuar avançando rumo a uma normalidade, precisamos reforçar os cuidados", fechou Longo.