Treinar o Brasil é difícil, mas quero uma seleção, diz Guardiola
O treinador, que tem contrato até 2023 com o Manchester City, elogiou a equipe comandada atualmente pelo técnico Tite
Multicampeão por Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City, o técnico Pep Guardiola disse que deseja que seu próximo desafio seja uma seleção nacional.
"O próximo passo será uma seleção, se houver a possibilidade", afirmou durante evento da XP Investimentos, nesta quarta-feira (25).
Questionado se essa seleção poderia ser a brasileira, Guardiola disse acreditar que o Brasil sempre terá treinadores brasileiros.
"Entendo que é muito mais difícil treinar seleções estrangeiras como o Brasil. Não penso em nenhuma seleção [especificamente], mas digo que depois de anos em equipes, acho que vou ter um 'break', descansar um pouco, e tenho que parar para ver o que fazer, como fazer, aprender de outros treinadores", prosseguiu, sem dar uma data para a mudança acontecer.
O treinador, que tem contrato até 2023 com o Manchester City, elogiou a equipe comandada atualmente pelo técnico Tite, mas evitou compará-la com outras gerações. Disse que, como não jogam mais, as anteriores "sempre" vencem as atuais.
Como em outras vezes, o catalão voltou a fazer referências à equipes como o Brasil de Telê Santana, de 1982, e a Holanda de Johan Cruyff, de 1974. Times que perderam, mas que ficaram para a história.
"Lembro que, quando era pequenino, estava de férias na Catalunha e via o Mundial, e todo o povo ali vibrava com o Brasil de 1982. Mas não tinha nenhum brasileiro [ali]. É porque as pessoas gostavam. Eles não perderam, as pessoas se emocionaram", afirmou.
A Copa do Mundo de 1982 foi disputada na Espanha. A seleção brasileira era uma das favoritas ao título, mas foi eliminada pela Itália, na partida que ficou conhecida como "tragédia do Sarriá" -referência ao nome do estádio onde se disputou o jogo.
"A Holanda de Cruyff em 1974 não ganhou o Mundial, mas as pessoas lembram mais do perdedor que do ganhador, porque produziu emoção. Você conseguir isso com um título, é o sumo", completou.
Durante a entrevista, Guardiola fez referências a Daniel Alves, hoje no São Paulo, por sua longevidade. Também lembrou que Michael Jordan, como sua inspiração de adolescente. Citou tenistas como Rafael Nadal como referências e brincou que aprendeu muito tarde a jogar golfe, se não, talvez tivesse tentado uma carreira.
Brincou que eleger o melhor melhor brasileiro que já atuou no Barcelona seria como escolher entre seu pai e sua mãe. "Dentro da área, não vi ninguém como Romário. Para ganhar finais: Rivaldo. O jogador dos 30 metros [finais], Ronaldo Nazário. A alegria e o futebol do Ronaldinho Gaúcho mudaram o Barcelona, que estava um pouco depressivo", elencou.
Quando questionado se contrataria Ronaldo ou Romário para o atual Manchester City, respondeu: "Temos tanto dinheiro que contrataria os dois".
Finalmente, Guardiola ainda celebrou a vacinação da população na pandemia e a retomada, pouco à pouco, das mais variadas atividades presenciais. "Não entendo minha vida sem me relacionar com outras pessoas. Quero falar com gente, tocar, quero tomar café com as pessoas. Gosto de tomar café, mas sozinho, gosto menos", completou.