Mepe

Museu do Estado de Pernambuco: 90 anos com livro e exposição

Editado pela Cepe, 'Tempo Tríbio - Museu do Estado de Pernambuco - 1930-2020' revisita a trajetória do Mepe

Palacete do Museu do Estado de Pernambuco - Fred Jordão/Divulgação

Parte significativa da identidade cultural e da história do povo pernambucano está registrada no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), que celebra seus 90 anos de existência. A trajetória do equipamento cultural e de seu rico acervo é esmiuçada pelo livro “Tempo Tríbio - Museu do Estado de Pernambuco - 1930-2020” (Cepe, R$ 90), lançado juntamente com uma exposição homônima, na noite desta quinta-feira (26), em um evento apenas para convidados. 

A visitação destinada ao grande público estará aberta a partir de amanhã, mediante agendamento prévio, de terça a sexta-feira (11h às 17h), e aos sábados e domingos (14h às 17h). Com curadoria da historiadora Maria Eduarda Marques e do antropólogo Raul Lody, a exposição ocupa o pavimento superior do Espaço Cícero Dias, parte anexa ao palacete instalado na avenida Rui Barbosa, na Zona Norte do Recife.

Acervo robusto

Os visitantes encontrarão um recorte das mais de 15 mil peças que integram o museu, entre obras de arte e artefatos históricos, incluindo materiais que há décadas não eram expostos. Para isso, os pesquisadores mergulharam na reserva técnica do equipamento cultural. “O grande valor do Mepe é que ele é multicultural e, por isso, toca em diferentes expressões que se comunicam. A curadoria partiu desse olhar avançado e da valorização das diversas coleções pertencentes ao museu”, explica Raul.


Livro e ineditismo

Organizada pelo jornalista Júlio Cavani, a publicação que celebra os 90 anos do Mepe traz artigos assinados pelos curadores da exposição, além de Marileide Alves, Renato Athias, Pablo Lucena e André Soares. Com fotografias de Fred Jordão, o livro une texto e imagem para falar sobre a origem do museu e sua consolidação ao longo dos anos, sempre apontando para o contexto político-social de cada época. 

Exposição de 90 anos do Mepe (Foto: Otávio Falcão Júnior/Divulgação)



Para Maria Eduarda, o pioneirismo é o que define a instituição. “Ela foi concebida pelo jovem Gilberto Freyre, recém-chegado do exterior, com pensamentos antropológicos e sociológicos bastante aflorados. Estamos falando dos últimos anos da República Velha, que trouxe um sopro de modernidade para Pernambuco, com a introdução da psiquiatria e do ensino laico, por exemplo”, esclarece a historiadora, que destaca o ineditismo do museu ao colecionar, ainda nos anos 1940, peças de cultos afro-brasileiros que haviam sido apreendidas pelo regime repressor do Estado Novo. 

Raiz interdisciplinar

Ao observar o passado, o livro não deixa de refletir sobre questões atuais, especialmente no que diz respeito ao papel das coleções indígenas e afro-brasileiras. “A raiz interdisciplinar desta unidade museológica trouxe a ela um sentimento de abertura muito grande. Localizada em um casarão que pertenceu a um aristocrata, ela superou essa determinação física e tem feito um grande esforço inclusivo hoje”, analisa Maria Eduarda. 

“O futuro do Mepe é ser um espaço cultural vivo que dialoga com o presente e as futuras gerações”, aponta Margot Monteiro, diretora do Museu do Estado de Pernambuco. A gestora aponta a preservação da memória, a educação e a pesquisa científica como alguns dos pilares da instituição, que em tempos de mudanças se volta para a contemporaneidade, mas sem perder de vista a tradição.