Furacão Ida atinge os Estados Unidos neste domingo
O presidente Joe Biden considerou Ida "uma tempestade que ameaça vidas" e que "continua devastando tudo aquilo com o que faz contato"
O potente furacão Ida, de categoria 4 e com ventos de até 240 km/h, tocou o solo neste domingo (29) na Louisiana pouco após o meio-dia local (14h de Brasília), 16 anos depois de Katrina devastar esta região do sul dos Estados Unidos.
"O extremamente perigoso furacão Ida, de categoria 4, toca o solo perto de Port Fourchon, Louisiana", reportou o Centro Nacional de Furacões (NHC).
Ida impactou este porto, situado 160 km ao sul de Nova Orleans, às 13h55 de Brasília.
O presidente Joe Biden considerou Ida "uma tempestade que ameaça vidas" e que "continua devastando tudo aquilo com o que faz contato". Após uma reunião com encarregados federais de gestão de emergências, Biden pediu que qualquer pessoa que esteja no caminho do furacão procure abrigo imediatamente e siga as recomendações oficiais.
Chuvas e ventos fortes já eram sentidos desde a manhã nas ruas desertas de Nova Orleans, em uma cidade com janelas protegidas com tapumes e sacos de areia à espera deste furacão, catalogado como "extremamente perigoso".
O NHC alertou para danos catastróficos pelos ventos e inundações perigosas na região.
O governador da Louisiana, John Bel Edwards, disse que Ida - que ganhou força ao se aproximar da terra firme com as águas quentes do Golfo - seria uma das maiores tempestades a atingir a Louisiana desde a década de 1850.
"Não há dúvida de que os próximos dias se semanas serão extremamente difíceis", disse Edwards neste domingo, acrescentando que algumas pessoas terão que permanecer refugiadas por até 72 horas.
"Encontre o ambiente mais seguro da sua casa e fique ali até que a tempestade tenha passado", tuitou o governador mais cedo.
A localidade de Grand Isle, em uma ilha-barreira situada ao sul de Nova Orleans, já começavam a inundar pelo aumento do nível das águas, segundo a CNN.
Em meio às advertências urgentes sobre possíveis danos catastróficos, a maioria dos moradores seguiu as recomendações das autoridades de deixar a região. Um recorde de pessoas engarrafaram as rodovias de saída de Nova Orleans às vésperas da chegada de Ida.
São esperados cortes de energia prolongados na região, com mais de 365.000 pessoas que já estavam sem eletricidade na tarde deste domingo, segundo o site poweroutage.us.
Em uma localidade do leste de Nova Orleans, na manhã de domingo alguns moradores faziam preparativos de última hora.
"Não estou certo de estar preparado", disse Charles Fields, que neste momento ainda levava para dentro de casa seus móveis de jardim, "mas teremos que enfrentá-lo".
Em 2005, o furacão Katrina inundou a casa deste homem de 60 anos e a água atingiu 3,3 metros. "Vamos ver como aguenta" desta vez, disse.
"Teste importante"
O governador Edwards advertiu neste domingo que Ida será "um teste importante" para o sistema de prevenção de inundações do estado, expandido após a passagem devastadora do Katrina.
E explicou à CNN que se estimam em centenas de milhares os moradores que deixaram suas casas.
A tempestade "traz várias dificuldades desafiadoras para nós, como os hospitais tão cheios de pacientes com covid", acrescentou.
Este estado do sul, com baixa taxa de vacinação, está entre os mais atingidos pela pandemia. Com 2.700 internações no sábado, as hospitalizações estão perto dos níveis mais altos da pandemia.
Este domingo coincide, ainda, com o 16º aniversário do Katrina, o furacão devastador que inundou 80% de Nova Orleans, deixando 1.800 mortos e bilhões de dólares em danos.
"É muito doloroso pensar em outra tempestade poderosa com o furacão Ida tocando o solo neste aniversário", tinha dito Edwards anteriormente.
Chuvas de 25 a 46 cm são esperadas no sul da Louisiana até a segunda-feira e com volume inclusive um pouco maior em algumas áreas.
Ida e delta
A Casa Branca informou neste domingo que agências federais mobilizaram mais de 2.000 trabalhadores de emergência na região - incluindo 13 equipes urbanas de buscas e resgate - juntamente com abastecimento de comida e água, assim como geradores elétricos.
Autoridades locais, a Cruz Vermelha e outras organizações prepararam dezenas de abrigos para pelo menos 16.000 pessoas, acrescentou a Casa Branca.
Os planos para enfrentar o furacão e ativar os refúgios foram complicados pela covid-19.
O presidente Joe Biden, que declarou estado de emergência em Louisiana, urgiu no sábado que todas as pessoas nos refúgios usem máscaras e mantenham distanciamento de segurança.
Mais furacões
Ida tinha tocado o solo na noite de sexta no oeste de Cuba com categoria 1, causando alguns danos materiais e cortes de energia, segundo o jornal Granma.
Paralelamente, o furacão Nora deixou um menor espanhol morto e uma mulher desaparecida no estado mexicano de Jalisco (oeste), depois que tocou o solo no sábado nesta região como furacão de categoria 1.
Nora perdeu força e estava neste domingo, como tempestade tropical, na altura do estado de Sinaloa, mas continua provocando "chuvas fortes e inundações" no sudeste e oeste do país, segundo o NHC.
No fim de semana passado, outro furacão, Grace, impactou a região mexicana de Veracruz (leste) como categoria 3 e provocou a morte de pelo menos 11 pessoas neste estado e no vizinho Puebla (centro).
Os cientistas têm advertido para um aumento no número de fortes ciclones à medida que a superfície do oceano esquenta devido ao aquecimento global, o que representa uma ameaça cada vez maior para as comunidades costeiras em todo o mundo.